Mesmo sem as transgressões de linguagem de “Elefante” (2003) e “Paranoid Park” (2007), “Restless”, o novo Gus Van Sant, exibido esta manhã na abertura da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, comprova uma vez mais a fina sintonia do cineasta com os anseios da juventude dos anos 2000/ 2011.
Pode-ser dizer que o longa-metragem, mesmo tendo a morte como eixo dramático, funciona como um “filme para namoradinhos”, abordando a paixão de um casal de mórbidos costumes. Ela, Annabel (Mia Wasikowska, a “Alice” de Tim Burton), é uma portadora de um câncer em fase terminal, cujos maiores prazeres são a leitura de ensaios sobre Darwin e a observação de pássaros e insetos. Ele, Enoch (a revelação chamada Henry Hopper, filho de Dennis Hopper), é um órfão cujo melhor amigo é o fantasma de um piloto kamikaze japonês.
No primeiros 30 minutos de “Restless”, fica uma sensação de que Van Sant retoma questões românticas de sua obra-prima, “Genio indomável” (1997), mas sem a mesma contundência de antes. Lá pela metade do longa, suas intenções ficam mais claras. O longa rodado com Matt Damon nos anos 1990 era uma análise sobre o amadurecimento entre pessoas maculadas pela inadequação social. Já este tocante romance, de clima outonal, prefere se apegar à ingenuidade da paixão pueril e realçar sua importância como rito de passagem.
Se vier para o Festival do Rio, “Restless” sera um hit na certa. Por aqui pela Croisette, filas e filas de espectadores deixaram o filme chorando. Sua beleza contagia.
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