16 junho 2009

CLAUDIA LEITE: ACHEI QUE ESTIVESSE FICANDO LOUCA


Cláudia Leitte conversou com Zeca Camargo e contou pela primeira vez o sufoco que passou com a doença do filho, o pequeno Davi. “Eu venci isso. Se não fosse pelo amor que tenho por ele [Davi] e pela beleza que ele tem, por aquela pureza que ele me mostra. É importante que o ser humano, independente da idade, tenha. Acho que a gente não vai, nunca mais, sofrer por nada. A gente consegue qualquer coisa. A gente pode”, diz a cantora Claudia Leitte.

O final dessa história é feliz. Mas Claudia Leitte viveu dias de incerteza ao lado de seu filho Davi. “Aquela coisa bem superficial que eu sabia sobre meningite foi o que veio à minha cabeça na hora, que eram as sequelas. Eu quero correr, eu quero fugir. Quero levar ele agora para o hospital, e ficou mais doloroso aquilo ali”.
“Quando ele chegou na clínica, foi muito esquisito. Eu era a única que podia ficar no leite ali na emergência e vinha aquele tubo de oxigênio - você ver aquilo é desesperador - aquela coisa: embora oxigênio nele, e eu estou ali. Me disseram ‘a senhora tem que ficar calma, se não eu vou ter que tirá-la daqui’. E procurando a veia dele, ele é muito gordo, pesa dez quilos. É um touro. E não achava a veia - e furavam aqui, furava o pezinho dele, eu lá olhando assim: ‘meu Deus. O que eu vou fazer? Eu tendo que engolir aquilo, ficar tranquila’. Foi um quadro infecciooso, com os sintomas que são parecidos com o da meningite, aquelas bolinhas no corpo, que podem parecer uma virose da infância, tipo sarampo, catapora, mas não é - é uma coisa mais grave”.
“Eu só me lembro assim, especificamente, de um número, foi porque meu marido chegou pra mim e disse: ‘você precisa dormir, tem 50 horas que você está acordada’. Eu fiz: ‘mas eu não quero sair daqui’. Ele disse: ‘você tem que dormir, se não você não vai aguentar ficar do lado dele’”

“Teve uma hora que eu achei que estava louca porque Ana Maria Braga falou assim na televisão: ‘Claudinha, liga para mim porque eu quero saber o que está acontecendo’. Será que eu estou sonhando? A televisão falou comigo? Um negócio assim esquisito, sabe?”

O que te segurou nesses dias? Muita oração?
“Com certeza absoluta. Eu não tenho religião, você sabe. Mas eu acredito plenamente em Deus e sou estudiosa da palavra de Deus, que é a bíblia. Eu fiquei com ele, ali com meu filho - e com o meu livro mágico, que é a bíblia, o tempo inteiro, orando, e foi uma coisa sobrenatural assim”.

Que sinal que Davi te deu, que os médicos te deram, que fez você falar “ah, as coisas tão melhorando”?
“Acho que foi no quarto dia, quando ele voltou a ficar mais alegre assim, enérgico, como ele era, como ele sempre foi, como ele é, graças a Deus, agora. Quando eu acordei de manhã, eu cheguei na varanda - eu falei: Deus, muito obrigada. Eu me emocionei muito. Meu olho ficou cheio de lágrima, e aí, para completar o lance, eu olhei para frente naquela paisagem que você conhece da minha casa, tinha um arco-íris grandão. Em Gênesis, tem dizendo que o arco-íris é um sinal da aliança que Deus tem com o homem. Aí, eu me acabei toda, eu falei, obrigada pelo senhor ter produzido tudo pra mim assim, armado tudo pra mim, porque eu sei que eu tinha que passar por isso. Eu acho que as pessoas esperavam que eu dissesse assim: a lição que eu tirei é que eu tenho que trabalhar menos. Eu preciso trabalhar, eu amo trabalhar, e eu acho que o amor não é egoísta, o amor ele é paciente. Eu quero cantar para os meus fãs, eu quero cantar pra mim, eu quero cantar pra viver. E meu filho me acompanha - no momento em que for, sei lá, propício pra mim abdicar disso, em função dele ou de qualquer outra coisa, isso vai acontecer naturalmente”.

Como você acha que vai contar essa história para o Davi?
“Eu não sei como vai ser, mas acho que eu vou dizer pra ele que a mãe dele é muito forte, que ele seja forte também, que ele se proteja com orações, que se apegue a Deus, porque acho que é a única solução”.

Qual a maior lição que fica para essa mãe?
“Amor. Não amor de mãe. Amor de Deus. Aliás, quando você é mãe, você exercita o amor ao próximo. Portanto, acho que você está mais próxima de Deus. É um amor incondicional. É a primeira vez que eu faço por um ser humano mais do que eu quero que façam por mim. Que todas as mães tenham respeito pelo próximo e que tratem seu filho como se ele fosse, sei lá, a oportunidade de você ser um ser humano melhor”.

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