27 junho 2009

Eu achava que tinha a responsabilidade de salvá-lo”, disse Lisa Marie Presley

Primeira mulher de Michael Jackson disse a biógrafo do cantor que ficou sensibilizada com o vício do astro em medicamentos. Ela também revelou que ele achava que ser "estranho e bizarro" ajudava a carreira dele.

O casamento de Michael Jackson e Lisa Marie Presley, filha de Elvis Presley, durou de 1994 a 1996. Os dois se aproximaram em um momento muito delicado da vida do astro pop, como mostra o trecho abaixo retirado da biografia Michael Jackson - a magia e a loucura, de J. Randy Taraborrelli (Editora Globo), lançada em julho de 2005. Segundo a autor, em 1993, Michael havia aumentado as doses de medicamentos incomodado com problemas de insônia, dores causadas por um tratamento nos dentes e uma recente cirurgia no couro cabeludo. Foi nesse período que o astro ficou totalmente dependente das drogas, segundo o biógrafo.

Lisa, que também já havia sofrido com o vício, foi solidária ao cantor. Ainda casada com Danny Keough, ela começou a ficar cada vez mais próxima de Michael. Em uma noite, recebeu um telefone do ídolo, que estava em turnê. Percebeu que ele estava totalmente alterado e recomendou que ele procurasse um centro de reabilitação. Lisa queria ajudar o amigo. “Não sei qual a psicologia disso e o que tinha a ver com o meu pai. Só sei o que eu senti”, disse, em depoimento a Taraborrelli.

No livro, Lisa também fala das estranhas manias de Michael. “Ele achava que essa coisa de ser maluco, estranho e bizarro funcionava para ele. E talvez tenha mesmo funcionado por algum tempo. Eu não sei. Sempre fui contra isso”.

Leia o trecho em que Lisa Marie Presley descreve sua relação com Michael e a personalidade do astro.
Foi difícil imaginar que as coisas poderiam piorar tanto para Michael Jackson no outono de 1993. Numa questão de poucos meses ele havia, sem dúvida alguma, vivido um “súbito desengano”, como descreveria mais tarde em sua reveladora música, “Stranger in Moscow”. Certamente, ninguém esperava que Michael se viciasse em drogas, aumentando os riscos relativos à natureza precária de seu futuro e de seu bem-estar.
Ansioso, com problemas de insônia e, segundo ele, com dores por causa de um trabalho nos dentes e uma recente cirurgia no couro cabeludo (conseqüência da queimadura sofrida durante o comercial da Pepsi), Michael aumentou as dosagens dos analgésicos Percodan, Demerol, e codeína, além dos tranqüilizantes Valium, Xanax e Ativan.


Essa dependência era um terreno desconhecido para ele.
No passado, Michael havia se empenhado em não tomar muitos medicamentos enquanto se recuperava das cirurgias plásticas, dizendo aos médicos que queria permanecer lúcido para poder tomar decisões relativas à sua carreira. Porém, com tudo que estava acontecendo em sua vida naquele momento, Michael já não se importava tanto em ficar o tempo todo antenado. Não demorou muito para que ficasse totalmente dependente das drogas.

Tudo aconteceu tão rápido que sua equipe nos Estados Unidos nem percebeu o que estava se passando com ele, até que já fosse tarde demais para se fazer qualquer coisa.
Todos ficaram chocados ao saber que Michael tinha um problema com drogas. É claro que Elizabeth Taylor compreendeu sua situação. Ela já havia passado por problemas semelhantes, e por bem divulgadas batalhas para vencer sua dependência.

Lisa Marie Presley foi igualmente solidária; ela, também, já havia sofrido com o vício.
“Quando adolescente, perdi totalmente o controle”, ela me disse. “Comecei a usar drogas aos 14 anos. Fiquei nessa por um bom tempo, alguns anos, até chegar ao fundo do poço. Foi quando me vi numa viagem de 72 horas com cocaína, sedativos, maconha e álcool, tudo ao mesmo tempo. Eu acordei e lá estavam aquelas pessoas, amigos meus, desmaiadas no chão. O traficante de cocaína estava por ali, tentando me vender mais. Eu disse: ‘Chega. Todo mundo já para fora’. Eu não sei porque me viciei, só sei que iria morrer se não procurasse ajuda. Finalmente, minha mãe e eu resolvemos que eu iria para o Centro da Cientologia em Hollywood para me desintoxicar. Isso salvou minha vida.” Quando Michael ligou do exterior para Lisa em setembro de 1993, ele estava alterado, incoerente e delirante.

Alarmada, Lisa tentou convencer Michael a fazer o mesmo que ela fizera um tempo atrás, ir para um centro de reabilitação.
Para Lisa, era muito significativo tentar trazer de volta à sanidade um superstar prejudicado pelas drogas. Ela já havia partilhado com amigos a culpa que sentira quando criança, vendo seu pai cair no poço sem fundo do vício. Lisa ainda estava casada com Danny Keough, mas infeliz. Estava descontente e achava que não tinha um propósito real; ela queria algo mais que ser mãe.

O dilema de Michael parecia oferecer uma saída para ela.
“Eu achava que tinha a responsabilidade de salva-lo”, disse. “Eu não sei qual a psicologia disso e o que tinha a ver com o meu pai. Só sei o que eu senti.”

Diante de Lisa havia um grande obstáculo caso ela fosse ajudar a acalmar os demônios que perseguiam Michael: como se aproximar. Era bem sabido que Jackson havia feito um esmerado trabalho de se isolar do mundo exterior.
Freqüentemente, ele iniciava uma relação casual com pessoas que, em sua maioria, acreditavam que a amizade iria se aprofundar, mas depois se viam abandonadas por Michael. Ele não atendia ao telefone, às vezes devolvia cartas sem ler. Lisa tinha ouvido falar da reputação de Michael em descartar subitamente suas “almas gêmeas” recém encontradas, e via esse padrão como um empecilho, caso levasse adiante a tarefa de reconstruir sua vida. Ela teria de agir com cautela.

Em seus freqüentes telefonemas a ele, Lisa insistia que Michael não podia mais continuar com tal desordem em sua vida e carreira. Ele estava imobilizado por uma sensação de incerteza e desespero, que havia contribuído para seu vício.
Ela sugeriu o que os outros ao seu redor já discutiam em segredo: que Michael pusesse fim ao seu tormento por meio de um acordo financeiro com Evan Chandler. Michael era contra essa idéia.

Como uma pessoa que vinha construindo sua auto-imagem desde a época em que a maioria das crianças construía casinhas em árvores, Michael se importava muito com o que os outros pensavam dele. Mesmo que a imagem que ele cultivara ao longo dos anos talvez não fosse a melhor para ele, era o resultado de muita estratégia de sua parte, e da parte de seus empresários.
“Ele achava que essa coisa de ser maluco, estranho e bizarro funcionava para ele”, Lisa lembra, “e talvez tenha mesmo funcionado por algum tempo. Eu não sei. Sempre fui contra isso. Sempre achei que ele era maior e melhor que essa imagem. Sempre achei que ele foi injustiçado pela imagem.”

Uma coisa era certa: em 1993, Michael estava mais sozinho do que nunca, e isso tinha um grande significado. Ele tinha de encarar o fato de que sua carreira, a sua mais incessante paixão, estava em perigo, possivelmente em conseqüência de um caso de amor ilícito e imoral com um menor ou de uma falta de discernimento, ao se ligar com tanta insistência a pessoas erradas na hora errada. Se ele não queria resolver a questão com dinheiro, Lisa sugeriu que pelo menos ele se desintoxicasse.
Ela lhe disse que se importava muito com ele, e queria que ele soubesse disso.
Uma noite no exterior, Michael se viu, como se tornaria freqüente, sentindo-se preso numa luxuosa suíte de hotel, sozinho com a barulheira da multidão sob sua janela.

Após uma enxurrada de telefonemas de seus advogados e assessores de imprensa, ele decidiu se acalmar ligando para Lisa, a pessoa que poderia de algum modo ajudá-lo a esquecer que sua carreira estava na balança.

Ela certamente havia sido persistente em sua busca por ele e deixara os números dos telefones da casa que estava alugando em Canoga Park, Califórnia. Também deixara o número da nova propriedade de mais de um hectare que acabara de comprar e para onde se mudaria em breve, na Long Valley Road em Hidden Hills (uma comunidade eqüestre fechada em Calabasas, na Califórnia, onde ela ainda vive).

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