08 julho 2009

O EVANGELHO DIVINO, SEGUNDO A FÉ DE ROMEU CAMBALHOTA


Não seria mais possível acender duas velas. É como se Romeu Cambalhota, ex-Corinthians, exorcizasse a idolatria dos tempos de Atlético-MG, Corinthians, Palmeiras e Seleção Brasileira, além do Millionários de Bogotá, para fortalecer a fé dos frequentadores da Igreja Mundial do Poder de Deus. Só que o jeito extravagante não se modificou no visual.

Tanto é que os cabelos continuam encaracolados até os ombros.


O ex-ponta, agora um dos assíduos obreiros de um gigantesco reduto, benze os fiéis que lá comparecem à procura de uma saída. Gente simples que às vezes chora ao ouvir mil palavras de esperança. Aos domingos, infalivelmente das 7h às 12h, o antigo ídolo da Fiel - um dos maiores da história alvinegra - circula pela enorme igreja no bairro do Brás.

Romeu levanta os braços para os céus e fecha os olhos na hora das orações dirigidas a pelo menos 10 mil pessoas alojadas no salão. De repente, põe as mãos na cabeça de uma senhora paralítica sentada em uma cadeira de rodas. Repete o gesto na frente de um senhor de cabelos grisalhos. E de mais um rapaz que pede socorro espiritual. E de outro que busca uma luz no meio da estrada. Vai para lá e volta para cá. Expõe todo tipo de solidariedade aos fiéis. "Sempre carreguei Cristo comigo", confidenciou.


Segundo ele, nunca são permitidas matérias jornalísticas desautorizadas naquele ambiente religioso. Ordem do bispo Valdemiro Santiago. Mesmo assim, ele contou que tudo seria permitido se a conversa fosse no palco, ao vivo, transmitida em rede nacional pela TV. Serviria como testemunho de quem gosta de relatar publicamente que um dia preferiu trocar o burburinho dos estádios pela sabedoria do evangelho.


Os dois personagens incorporados em Romeu nunca se confundem. Num templo localizado pertinho da área central de São Paulo, ele ora, calado, "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo."
Então, Romeu abre a Bíblia e a lê silenciosamente. Ou repete, em voz alta, o versículo de Isaías que, segundo ele, transformou-o num servo do Criador de todas as coisas do mundo. Acredita, sinceramente, que o paraíso é o limite "dos homens de fé que sabem perseverar."
Ele não pode conceder entrevistas. Mas fala pausada e informalmente na última fileira de assentos. Agora, o futebol é algo que vale como brincadeira. Só tem graça no time de veteranos de Barueri. Do ilustre bailarino Romeu Cambalhota.

Diário do Grande ABC

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