25 agosto 2009

Evangélicos brasileiros avançam na “ilha de Obama”


MARTHA’S VINEYARD - A Igreja do Pastor Paulo Tenório, que está há seis anos em Martha’s Vineyard, faz justiça ao nome e à própria trajetória da comunidade evangélica brasileira na ilha. Ela é conhecida como “A Igreja que Cresce”. O crescimento não deixa de surpreender, já que Martha’s Vineyard, a sofisticada ilha escolhida pelo presidente Barack Obama para passar suas férias, é frequentado pela nata da sociedade de Massachusetts, o Estado com a segunda maior população católica dos Estados Unidos, mais de 49% de seus habitantes.

E os brasileiros, atraídos pela oferta de trabalho no setor de serviços, formam hoje uma das maiores comunidades da ilha. Dos 15 mil moradores de Martha’s Vineyard, pelo menos 3 mil são brasileiros, segundo números fornecidos pela prefeitura de Oak Bluffs, uma das seis cidades da ilha.

Paulo Tenório contou à BBC Brasil que sua foi a primeira Igreja evangélica brasileira da ilha a ter uma sede própria, situada na cidade de Vineyard Haven. Agora, eles acabam de inaugurar uma segunda filial, do outro lado de Martha’s Vineyard, na cidade de Falmouth, e já obtiveram da administração local permissão para expandir a sede principal. Atualmente, as duas contam com um total de 270 fiéis. As estimativas são de que existam cerca de 800 fiéis espalhados pelas oito Igrejas evangélicas da ilha. E há projetos de construir outras três.

Além da comunidade

Paulo Tenório promove também atividades para atrair mais fiéis. No próximo sábado, a atração da igreja será a ex-paquita Andreia Sorvetão, atualmente uma cantora de sucesso no circuito gospel, que fará uma espécie de culto voltado para crianças.

Em dezembro, ele espera a visita da ex-apresentadora Mara Maravilha, outra celebridade no universo evangélico. Mas a intenção do pastor agora é ampliar suas fronteiras para além da comunidade brasileira.

“Nós temos um programa em inglês na TV local, às terças e quintas, e temos a intenção de realizar um culto em inglês aos domingos. Nossos filhos estão crescendo e, apesar de ensinarmos português a eles, a primeira língua deles é inglês. Além disso, precisamos alcançar os americanos. Não há muitos Igrejas pentecostais aqui na ilha.”

Outro pastor brasileiro, Valci Carvalho, que está há oito anos em Martha’s Vineyard, na cidade de Oak Bluffs, onde comanda os 70 fiéis da Alliance Community Church, tem planos similares ao de Paulo Tenório. “Somos uma Igreja quase que 100% de brasileiros, mas temos planos de começar um culto em inglês para brasileiros de segunda geração.”

Liderança

Em Martha’s Vineyard, o pastor é considerado uma das mais destacadas lideranças entre a comunidade brasileira, em parte por conta do trabalho que vem desenvolvendo junto às autoridades locais. No ano passado, Carvalho foi um dos oito participantes da chamada Academia de Polícia Cidadã, oferecida pelo Departamento de Polícia de Oak Bluffs, no qual civis aprendem as técnicas utilizadas por policiais locais.

O contato do pastor com as autoridades serviu para que ele atuasse como intermediário em diferentes casos envolvendo brasileiros que estavam irregularmente no país ou que haviam tido problemas com a lei. “Hoje, tenho prestígio por causa desse trabalho. Quando você se coloca à disposição da sociedade, as pessoas procuram a sua ajuda”, afirma. O surgimento de novas Igrejas muitas vezes se dá, nos dizeres do pastor Paulo Tenório, “quando alguém dá um chute em algum pastor e monta uma Igreja”.

O aumento no número de congregações tem levado também a tensões e cisões, sobre as quais os pastores não gostam de falar em público. Sem ter uma sede própria, muitos fiéis acabam alugando espaços em estabelecimentos comerciais ou mesmo em outras Igrejas. Teve uma origem algo improvisada, similar à de muitas das Igrejas que estão surgindo.

A World Revival Church, que atualmente conta com mais de uma sede em Martha’s Vineyard, uma delas um prédio orçado em US$ 1 milhão, segundo o jornal local Vineyard Gazette, teve uma origem algo improvisada, similar à de muitas das Igrejas que estão surgindo. Em 1992, cerca de seis fiéis começaram a organizar cultos nos porões de suas residências, em Oak Bluffs.

Em 2007, uma de suas sedes já contava com capacidade para 200 pessoas. E, atualmente, a Igreja com sede em Boston já ampliou suas fronteiras para muito além de Massachusetts, contando com representações na Índia, em Portugal e no Japão.

Fonte: Estadão

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