16 agosto 2009

O FEITIÇO DA BRANCURA


“Sete bandidos invadiram minha casa. Três ameaçaram minha família com (fuzis) Kalashnikov, enquanto os outros quatro cortavam o albino, que ainda estava vivo. (...) Depois, foram embora, deixando no lugar o que restou do corpo”, contou Nicodème Gahimbare, procurador de Ruyigi, província situada no leste do Burundi, ao jornal francês “Le Monde Diplomatique”.

Há pouco mais de 1 ano, os albinos africanos, principalmente do Burundi, têm sido vítimas de uma caçada sórdida e insensata, baseada na crença de que a brancura extrema atrai todo tipo de poder e, principalmente, riquezas.

Em Camarões, no Mali e em outros países do continente africano, atribuem-se forças sobrenaturais às crianças brancas (albinas) filhas de pais negros. “Aqui, na região dos Grandes Lagos, somos considerados os filhos do sol, da fortuna”, explicou Cassim Kazungu, presidente da Associação dos Albinos do Burundi ao jornal francês.

“Alguns feiticeiros, principalmente originários da Tanzânia, contam que, se misturarem nossos ossos e nosso sangue em certas poções mágicas, serão capazes de confeccionar amuletos para obter ouro, sorte ou a eterna juventude. Somos assassinados por causa de histórias de feitiçaria”, conclui.

Por conta disso, crianças e adolescentes se tornaram alvos de um mercado lucrativo.

O cadáver de um albino vale o correspondente a R$ 7.600, em países marcados pela miséria. Nos últimos 2 anos, 60 albinos foram mortos, 30 deles adolescentes

Nenhum comentário:

Postar um comentário