02 setembro 2009

DIÁRIO DE UMA PROSTITUTA


Querido diário, hoje é o dia mais feliz da minha vida. Nunca me senti assim antes. Decidi mudar totalmente meu jeito de ser. Fazia muito tempo já não suportava mais encarar meu reflexo no espelho. Quero abandonar a vergonha.
Hoje, posso dizer, nasci de novo.
Encarei a morte e fui salva.

Fui pega em flagrante na cama.
Ah, como me enojo da minha vida.
Não consigo entender como pude chegar tão baixo.
Fiquei sem reação, paralizada.
Me senti sozinha, desprotegida e culpada.
E não tiveram misericórdia. Me domaram e me carregaram do meu leito impuro.
Abimael surpreendido pelos seus comigo, logo tratou de tentar explicar como foi que o “seduzi”. Palhaço! Sacerdote barato!
Ainda somou-se aos meus acusadores que me arrastaram para a rua como se eu fosse um animal.

Como me senti podre. Parece que enquanto me chutavam e xingavam me sentia tão sem valor, tão desprezível!

Então, me puseram de pé diante da multidão curiosa.
Sentia como se tudo desabasse sobre mim. Jamais esquecerei tanta vergonha e dor.
Foi quando se dirigiram para ele.
Apenas havia ouvido a respeito das curas e milagres. Não pude desviar o olhar dele. Ele me atraía, embora minha vergonha fosse tamanha.

Pronunciaram minha sentença. Seria apedrejada. Todos já estavam armados de pedra nas mãos. No entanto, indagaram a ele sobre seu parecer em relação ao que fazer comigo.
Jamais me esquecerei daquele olhar. Ninguém nunca me olhou daquele jeito!
Meus soluços abrandavam.
Ele se inclinou ao chão e começou a escrever com o dedo. Não pude ver o que escrevia.
Os outros aguardavam atônitos preparados para me apedrejar.

Aqueles segundos pareceram horas.
De repente, ele se levantou e disse para todos em volta:
- Aquele de vocês que nunca pecou que comece a atirar pedras sobre ela.

Nesse momento já estava encolhida no chão, tremendo e chorando. Silêncio!
Pude ouvir os passos que se iam retirando um a um. Ao levantar os olhos já não havia ninguém além dele e eu.
Ele se levantou de escrever no chão e olhou para mim e me perguntou: - Onde estão todos? Ninguém te condenou?
Ao que respondi: - Não, meu Senhor! Ninguém!

Então ele me tomou pela mão e me ergueu dizendo: - Muito menos eu te condeno. Pode ir, mas, não peque mais, certo?

Nunca me senti tão amada e aceita. Muito menos perdoada! Minha gratidão jamais poderá retribuir tão grande salvação.

Por isso, meu querido diário, não sei como vou sobreviver de agora em diante, mas sei que vou seguir este homem e conhecê-lo melhor.


Quando escrevi esta narração tentei ser empático ao que sentiu aquela mulher diante de uma multidão enfurecida e hipócrita; e qual teria sido o impacto da Graça de Jesus Cristo, quem literalmente salvou sua vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário