31 outubro 2009

Especialistas em Segurança Pública querem legalização das drogas como forma de conter a violência urbana


Especialistas em segurança pública do Brasil, da Inglaterra e dos Estados Unidos, estiveram reunidos em 22/10 na sede da Organização Não Governamental (ONG) Instituto Viva Rio, na Glória, no Rio de Janeiro, para discutir a legalização das drogas no país como forma de conter a escalada da violência nas grandes cidades.

O antropólogo e ex-secretário estadual de Segurança Pública do Rio, Luiz Eduardo Soares, e o ex-agente do Departamento de Narcóticos dos Estados Unidos, Jack Cole, chegaram a defender que o produto (maconha, cocaína, heroína e até mesmo o crack, uma das mais perigosas drogas já produzidas até hoje) fosse vendido em farmácias alegando que, dessa forma, os usuários poderiam ser monitorados pelas autoridades como ocorre em países como Holanda e Suíça. Cole, que esteve no dia seguinte com membros da Comissão Brasileira Sobre Drogas e Democracia (CBDD), da qual fazem parte figuras importantes do país tais como Carlos Velloso, Ministro do Supremo Tribunal Federal, e Dráuzio Varela, médico e escritor, disse que sabe que sua proposta é quase fantasiosa: "Seria o ideal, mas não me engano quanto às implicações políticas deste ato. Se os EUA tomassem uma medida dessas, isso causaria um efeito imediato no restante do mundo, nas ações da ONU, cuja orientação é oposta a essa, e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A minha proposta vai de encontro ao que a maior parte dessas nações têm feito", argumentou o americano Cole.
Em contrapartida, o Escritório das Nações Unidas contra drogas e crime (UNODOC) divulgou neste ano o Relatório Mundial sobre drogas 2008 e os números são alarmantes. Segundo o documento, cerca de 208 milhões de pessoas utilizaram drogas no perído de 12 meses avaliado pelo relatório. Desses, 26 milhões são dependentes de algum tipo de droga. Assim fica claro que este é um motivo por destruições em muitos lares no Brasil e no mundo. Este é um dos pontos em que há plena unidade entre os evangélicos brasileiros. Os números são estarrecedores, porém não mais que as histórias tristes que envolvem usuários de drogas.
O senador evangélico Magno Malta, que presidiu a CPI do Narcotráfico (que investigou, em 1999, uma rede de crimes ligados ao tráfico de drogas envolvendo juízes e políticos e cassou deputados e vereadores de vários municípios brasileiros) é engajado na luta contra este problema. Responsável pela entidade “Bem Viver”, que já há 30 anos atende jovens dependentes químicos no Espirito Santo, Magno diz que esta situação é uma artimanha maligna. “O diabo veio para matar, roubar e destruir e ele faz de tudo para massacrar aqueles que são feitos à imagem e semelhança de Deus, os seres humanos. Todo drogado sofre com problemas espirituais. A intenção do mal é destruir a primeira instituição criada por Deus, a família, pois quando a família vai mal a sociedade também vai mal”, afirmou, ele que hoje cuida de 150 jovens que recebem alimentação e orientação.
O delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, afirmou durante a reunião do Viva Rio que a proposta defendida por alguns palestrantes no evento é muito arriscada: "Quais seriam as consequências disso? Como o Brasil vai bancar a posição quando a maior parte dos nossos parceiros é contra a legalização? Se liberarmos o consumo, teríamos que liberar a venda e a industrialização, senão, continuaríamos a ter um mercado negro. Agora eu sou radicalmente contra, e sempre serei, a legalização de drogas como o crack. Só quem já viu os efeitos disso numa vida humana sabe do que eu estou falando. Ela é extremamente letal. Além disso, o problema da criminalidade tem diversas outras facetas: há a miséria humana nessas comunidades, a falta de campanhas educativas, a falta de oportunidades de trabalho, a falta de lugares adequados para os presos envolvidos em maior e menor grau com a questão das drogas. Tem muita coisa para ser discutida. Não é uma questão apenas de se legalizar ou não. E, como isso jamais foi feito num país com as nossas proporções e problemas, seria um tiro no escuro", analisou o delegado federal. (por Marcelo Dutra)

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