09 novembro 2009

Animais: Doutores da alegria


Especialistas confirmam o que muitos donos de bichos de estimação já sabiam: conviver com cães e outros animais pode aliviar e até curar uma depressão e outras doenças

Atolada em trabalho, a jornalista Liv Soban, de 28 anos, não sabia por que sentia ansiedade e tristeza mais fortes que o normal.

Ela chegou a trabalhar 18 horas por dia, sem folga nos finais de semana e, por causa do estresse, desencadeou uma depressão, que acarretou numa série de outros problemas de saúde, como manchas inexplicáveis em várias partes do corpo. Liv nem imaginava que a cura para os problemas não estava em uma caixa de remédios, mas sim no carinho do mais novo amigo da família: o cachorro Che, da raça golden retriever.


“Depois de 3 meses que o Che apareceu em minha vida, as manchas e a tristeza foram embora.
Além de nos transmitir muito amor, com a presença do bicho você é obrigado a reagir, pois há uma vida sob sua responsabilidade, que precisa de atenção e também de passeios, que, por sua vez, fazem bem à saúde do dono”, relata Liv.

A médica veterinária e doutora em psicologia Hannelore Fuchs concorda. “Um animal em casa exige cuidados, e a pessoa que cuida dele pode alcançar naquele gesto uma qualidade de vida que não tinha. Não diria que ter um animal evita a depressão, mas, sem dúvida, quem tem um bicho por perto tem uma proteção maior”, explica.


Sabendo disso, ela se dedica a um projeto que leva animais – como cães, coelhos e porquinhos da índia – até pacientes em hospitais, de forma a levar bem-estar a quem é obrigado a ficar numa cama.

“Só com o contato físico do bicho, a pessoa já entra em estado de relaxamento. Aí está o segredo da melhora na saúde”, diz.


Uma pessoa com depressão pode desenvolver uma série de outros problemas por causa da apatia em que se encontra. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será a doença que mais irá motivar custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento para a população e às perdas de produção.

O contato com bichos também pode ajudar o coração. “A relação ajuda a diminuir o estresse e libera endorfina, que é responsável pelo bem-estar e faz bem até a quem tem problemas cardíacos”, explica Hannelore.

A especialista se refere a um estudo publicado no “American Journal of Cardiology”, que mostrou que o convívio com os bichos diminui a pressão arterial e reduz risco de problemas cardiovasculares.

Quando Chico chegou, Belucci estava em depressão e mal tinha ânimo para sair do quarto. Passou a se forçar a levantar para tratar da ave e, assim, os dois foram se aproximando. “Ele me tirou da tristeza, me salvou. O Chico me entende”, relata. “Quando estou na chácara, ele anda o tempo todo comigo e dorme no meu quarto”, conta.


Segundo a psicóloga clínica Rachel Zaufsner Skarbnik, ter um bicho de estimação não é sinônimo de remédio instantâneo, mas faz com que as pessoas se sintam menos sozinhas, adotem novas rotinas e se ocupem com os cuidados com o animal: “Idosos que gostam e cuidam de animais são bastante beneficiados com a companhia deles. Isso sem falar em famílias com crianças com problemas de timidez em excesso.”

Apaixonado por bichos e entusiasta dos benefícios que eles trazem para a vida das pessoas, o veterinário norte-americano Marty Becker escreveu o “O Poder Curativo dos Bichos”. “Sempre vivi cercado por animais, mas não aproveitei realmente seus saudáveis poderes até ficar doente. Quando a doença me obrigou a encarar o aqui e agora, os animais se tornaram meus fisioterapeutas, consultores de administração de dor, personal trainers e psicólogos”, diz
Becker em seu livro.
É preciso ter consciência de que a decisão de adquirir um bicho de estimação é para sempre e não só para o momento de tristeza, pois trata-se de uma vida, que não poderá ser descartada posteriormente.


Por Andrea Miramontes

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