20 fevereiro 2010

Cerco à obesidade


O espelho denuncia uma barriga saliente, mas o exame de sangue aponta níveis normais de colesterol e açúcar e a pressão está equilibrada. Agora, mais do que nunca, pode ser um engano achar que se está com boa saúde nestas condições.

Um novo estudo realizado na universidade de Uppsala, na Suécia, relaciona o excesso de peso em pessoas aparentemente saudáveis com o risco de desenvolver doenças cardíacas.

A pesquisa acompanhou cerca de 1,7 mil homens entre 40 e 60 anos durante 30 anos e concluiu que os gordinhos, mesmo tendo níveis normais de colesterol, triglicérides, glicemia e pressão arterial, podem desenvolver doenças por outros fatores.

“Existem outros elementos que devemos analisar, como o tabagismo e o sedentarismo, e que influenciam no risco de problemas cardíacos mesmo em pessoas magras. Mas o que vem sendo defendido, tanto por esta pesquisa quanto por outros médicos estudiosos no assunto, é que a gordura do nosso corpo não é estática como se pensava.

A gordura visceral, que reveste nossos órgãos, tem substâncias inflamatórias”, explica o médico endocrinologista Pedro Saddi, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).A gordura visceral a que se refere Saddi é aquela que colabora para o aumento da circunferência da cintura. A substância que ela libera é metabolizada pelo fígado e se transforma em agente inflamatório.

Ao cair na corrente sanguínea, lesa artérias e vasos do coração e do cérebro. Além disso, ela bloqueia a ação da insulina nos músculos, o que pode resultar em diabete.

“Além dela, entre os problemas que vem com a gordura estão também enfarte, refluxo, apneia, dificuldades articulares, pressão alta e câncer de intestino. Sem contar, em muitos casos, com o aumento dos níveis de colesterol e triglicérides no sangue e a diminuição do HDL, o colesterol bom”, esclarece Heno Ferreira Lopes, cardiologista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) de São Paulo.

Segundo o estudo, homens com sobrepeso – ou seja, com índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 29,9 (veja quadro abaixo) – sem síndrome metabólica correm um risco 52% maior de sofrer enfarte. Na pesquisa, a síndrome foi definida pela presença simultânea de pelo menos três destes cinco fatores: hipertensão, intolerância à glicose, colesterol alto, colesterol HDL baixo e circunferência abdominal acima do limite.

Já nos obesos (IMC igual ou acima de 30) sem a síndrome, o risco aumenta para 95%. Com a presença desse problema, os números tornam-se assustadores: o risco fica 74% maior em homens acima do peso e 155% no caso dos obesos.

“A obesidade em si já uma doença. Quanto mais obesa a pessoa for, mais risco ela corre, obviamente. Mas se ela tem hábitos sadios, come corretamente, mantém o nível de HDL alto e pratica algum exercício regularmente, o risco dela fica abaixo do que os apresentados pela pesquisa”, diz Lopes.

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