14 abril 2010

Depoimento de um ser humano - depressão

Eu não sei exatamente quando foi que comecei a me sentir depressiva - até porque a depressão como doença é um processo.

Mas consigo listar uma série de razões... Demorei a assumir isso porque me sentia envergonhada: nenhuma das minhas razões - aos meus olhos e aos de muitos - pareciam suficientemente “fortes” para me colocar tão para baixo... Eu aprendi com o tempo que na depressão muitas coisas não têm sentido; e muitas vezes até o nosso sofrimento não faz sentido e, justamente por isso, é tão difícil.

Os julgamentos foram - e são - muitos... Ainda estou aprendendo a lidar com eles (Quem não está, né?). Perdi algumas pessoas: gente que não teve muita paciência ou que por outros motivos foram andando mais rápido do que eu; mas ganhei um monte!

No começo da depressão a gente deseja que o mundo acabe na cama; parece até que ela vai nos engolir... Alguns dormem mais, dormem muito como fuga do mundo, e outros não conseguem dormir... o que foi o meu caso... Foi exatamente por não conseguir dormir, por perder muito peso (cheguei a perder meu guarda-roupa duas vezes) e por não conseguir comer que, em Março de 2009, acabei indo parar no médico, ou melhor, na médica...

Isso para mim foi um pesadelo!
Foi um pesadelo precisar tomar remédios... Não foi simples acertar.
A psiquiatra tentou um... e não deu certo... Aumentou a dose e não deu certo... Aí mudamos de remédio: agora eu tomo um que, além de ser “serotonérgico”, é “noradrenérgico”, ou seja, ajuda o meu cérebro a produzir mais uma substância.

Com mais ou menos um mês de tratamento eu não precisei mais de ajuda do remédio para dormir, o que foi muito importante para mim.
Com relação ao anti-depressivo, eu ainda estou em tratamento: todo dia, às 18 horas, lá estou eu com o meu copinho de água e meu comprimido... Já não me importo mais; sei que aquele remedinho vai me fazer bem; é um aliado...

Uma outra aliada foi a terapia - que agora eu não faço mais por uma série de razões.
Estou me virando mais "sozinha" e uma das coisas que a terapia me ajudou a trabalhar foi isso. Ela nos emancipa.

Contando assim parece até que foi fácil encontrar essa fase de maior “estabilidade”, mas não foi. Quem anda comigo, sabe. Quem me ajudou e me ajuda, sabe.

Perdi muito peso, aula, trabalhos, notas, provas; deixei de dirigir por um tempo; fiquei MUITO tempo na cama e, especialmente, chorei a litros...

Bom, como eu disse... agora eu estou numa fase de estabilidade.
O remédio continua por mais algum tempo porque o tratamento dura em torno de 24 meses e, por mais que eu tenha pressa, pretendo seguir tudo direitinho.
Agora já não choro mais “sem motivos”, sei dar nome para o que me angustia... Também não fico mais deitada; nem sei quando foi que deitei-para- morrer pela última vez.

Desde Setembro eu DEIXEI DE ME ISOLAR: passei a procurar mais meus amigos e a me abrir para conhecer novas pessoas.
Passei a aproveitar melhor TUDO: a prestar atenção no que eu tenho e não no que me falta.
Já consigo ver tantas coisas boas me acontecendo... e isso antes parecia impossível.
Saí do pessimismo, graças a Deus!
Também deixei de fazer coisas simples, do tipo: ver filme triste e ler alguma coisa triste, rs... Mas ainda NÃO CONSEGUI me firmar em alguma atividade física, rs... Por mais que eu tenha uma personalidade mais melancólica, eu não quero curtir tristeza não! Sai fora! =]

É como se um véu que foi colocado fosse se rasgando... e o mundo fosse ganhando novas cores... as cores que foram tiradas... Às vezes fica meio nublado; doído e doido, mas já aprendi que vai passar...

Meu Redentor Vive e por fim se levantará!

Gabriela Franco -
http://almatem.blogspot.com/ por amandoapalavra.blogspot.com

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