08 junho 2010

Vasectomia

Vasectomia em nome do planejamento familiar
O método é rápido, indolor e, em alguns casos, reversível
Foi-se o tempo em que era comum famílias com quatro, cinco ou mais filhos. Era uma outra época, em que, além falta de métodos contraceptivos e informações, era possível, mesmo com um orçamento modesto, um pai bancar a alimentação e a educação de várias crianças.

No Brasil, se analisarmos a classe média, um filho gera um gasto médio de R$500 por mês com escola, plano de saúde, alimentação e outras atividades, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Poucos podem se dar ao luxo de ter uma família grande, e cada vez menos pessoas buscam por isso. Como, para casais fixos, muitas vezes o uso de métodos contraceptivos causa desconforto ou até problemas de saúde, principalmente nas mulheres, além de não garantirem segurança total contra uma gravidez, a vasectomia tornou-se uma das melhores opções para o planejamento familiar. É uma cirurgia simples, que consiste na ligadura dos canais deferentes, que conduzem os espermatozóides a partir do epidídimo, local onde eles são armazenados após serem produzidos nos testículos do homem.

A vantagem desse tipo de intervenção é que ela pode ser reversível em alguns casos. Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, quase 100% dos procedimentos são bem-sucedidos.
O gestor de marketing Luiz Carlos Jerônimo, de 41 anos, faz parte desta estatística positiva. Ele se submeteu à cirurgia logo após o nascimento do único filho. “A cirurgia foi bem-sucedida e não trouxe nenhuma complicação posterior. A vasectomia foi um ganho não só para mim, mas também para minha esposa, já que ela teve muitos problemas devido ao uso de anticoncepcionais”, afirma Jerônimo, que não era adepto ao uso de preservativos.

Já o empreiteiro Antonio Germano da Silva, de 49 anos, tomou um susto quando sua mulher descobriu que estava grávida, um mês após ter se submetido a uma vasectomia. Porém, no caso de Antonio, não foi erro médico.
Antes de ter relações sexuais, o paciente deve fazer um exame chamado espermograma, que verifica se a taxa de espermatozóides está em um nível que o impossibilite de gerar filhos ou não. Como Germano não seguiu as orientações, o casal teve seu terceiro filho.

“Tive relações com a minha esposa duas semanas depois da vasectomia. Foi descuido da minha parte. Por causa disso, tive que me submeter a uma nova vasectomia. Desta vez, fiz tudo que o médico mandou”, afirma entre risos o empreiteiro, que há 22 anos está vasectomizado.

Cirurgia pode ser revertida
Vasovasostomia é o nome da cirurgia de reversão da vasectomia. O procedimento une novamente os ductos deferentes. De acordo com o médico André Cavalcanti, mestre e doutor em urologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), esse procedimento é um pouco mais complexo.
“As taxas de sucesso estão diretamente relacionadas ao tempo que a pessoa ficou estéril. Quanto mais tempo o paciente estiver vasectomizado, menor é a chance de conseguir a gravidez. Comparada à vasectomia, a cirurgia de reversão é mais demorada, o desconforto testicular é maior e o tempo de recuperação mais longo”, diz.

Segundo Cavalcanti, entre 6% e 8% dos pacientes que fazem vasectomia são submetidos à reversão. Quem não obtiver sucesso com a recanalização, ainda tem chance de gerar filhos utilizando técnicas como Fertilização in Vitro (FIV) e Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI).

Tipos de vasectomia
Existem dois tipos de vasectomia: a convencional e a que dispensa a utilização do bisturi, um procedimento menos invasivo, em que não é necessária nenhuma incisão, o cirurgião faz um ou dois furos pequenos para acessar o canal deferente.

Em seu projeto de mestrado, o urologista Eduardo de Oliveira, do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo, em São Paulo, fez uma comparação entre as duas intervenções. Em um período de 2 anos, o especialista acompanhou 644 pacientes que se submeteram à vasectomia, sendo que 319 optaram pela cirurgia convencional, enquanto que 325 foram operados sem o bisturi.

O médico concluiu que a intervenção sem bisturi é a mais adequada. “A técnica sem bisturi apresenta um menor tempo cirúrgico e um índice inferior de infecções, em comparação à operação convencional. Já o percentual de falhas é semelhante em ambas as técnicas.”

Por Leandro Duarte

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