Gosto quando deparo com pequenas palavras que transmitem grandes mensagens.
Fobia, por exemplo, tem raiz grega, significando horror ou aversão, embora o termo seja usado para determinadas crises de pânico desencadeadas em situações específicas.
Em suma, fobia é medo que congela, e a causa pode ser as mais diversas e inusitadas:
Agorafobia é o medo de estar em lugares públicos, abertos. Fobia social é o pavor de ser avaliado por outras pessoas, e claro, temos fobias simples, como a aracnofobia, por exemplo, que é o pavor por aranhas.
Lendo sobre os medos que nos paralisam, deparei com um que, se você chegou até este ponto da leitura, certamente não o tem: a Sofofobia.
Um sofofóbico é alguém que tem pânico em aprender.
Fiquei imaginando no absurdo da situação: um ser que se recusa a assimilar um novo passo em seu aprendizado, uma nova série de acordes em seu instrumento, uma nova equação em seu projeto, um novo ângulo de um determinado assunto. Ao chegar neste último ítem citado, lembrei de um amigo, irmão em Cristo, crente sincero e atuante no ministério eclesiástico.
“Não ouço determinados pregadores: Gondim, Caio, Kivitz, Ariovaldo Ramos... eles fazem você perder a fé” - disse ele, diante de minhas citações de seus textos. Havia um aviso de perigo, mandando ele recuar diante do "novo".
Os tais acima são conhecidos por não serem convencionais em seus discursos, o que botava em risco a base de toda aquela fé. Algo dentro daquela alma sinalizou que seus alicerces estavam em risco, e recuou diante do posicionamento perigoso daqueles pastores.
O medo informa que um perigo, uma ameaça eminente, a algo que tem que ser protegido, preservado.
Conheci muitos ateus que apontam esse comportamento naqueles que professam alguma fé, dizendo que crer é uma fuga da realidade, um medo de aprender que deus não existe.
Ironicamente, muitos deles lutam contra a presença natural da crença e seus cérebros, com a sofofobia de voltar a crêr, já que ser ateu, para imensa maioria deles, é um estado definitivo. Voltar a crêr por aprendizado, paradoxalmente, é voltar a ser ignorante.
Creio que muitos canalhas estão cientes deste tipo de pânico, e fazem nele sua linha de produção de heresias intocáveis: estabelecem um “cerberus”(cão mítico de três cabeças, guardião do inferno) onde ninguém é capaz de ultrapassar os limites daquele discurso, por mais exposta que a mentira tenha sido.
Milhares de sofofóbicos se apinham nas igrejas, em cursos teológicos, em congressos. Trocam sua liberdade por promessas de milagres, por cestas básicas, pela segurança da palavra de alguém que também não se garante e não sabe do que fala.
Eles sabem que os sofofóbicos se multiplicam e fazem disso seu império.
E você? Tem essa fobia?
Zé Luis/cristaoconfuso.blogspot.com
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