Cantor já tem data para abandonar os bailes: o DVD ‘Tudo é Festa’, que vai chegar às lojas em outubro, será o último dele antes de virar pastor e se dedicar exclusivamente à carreira gospel.
Rio - MC Marcinho fez de tudo com o sucesso que o funk lhe deu: curtiu festas, bancou amigos em bebedeiras e virou noites em rodas de carteado, alimentando seu vício em jogo. Mas tudo mudou desde que ele ouviu um chamado de Deus.
A transformação é tamanha que o cantor quer virar pastor e já tem data para se afastar de vez dos bailes. Marcinho recebeu o MEIA HORA em sua casa, em Bangu, e anunciou que o DVD ‘Tudo É Festa', que chega às lojas em outubro, será sua despedida do funk para se dedicar totalmente à carreira gospel. Após o Carnaval de 2011, ele lançará o CD "Deus É Fiel".
"Pedi uma resposta de Deus, e Ele falou diretamente comigo. Diretamente mesmo", contou Marcinho, que já está se preparando para realizar seu maior sonho: ser pastor evangélico.
O cantor se aproximou da religião depois do grave acidente que sofreu em 2006, quando seguia de van para um show. Depois, bandidos tentaram levar seu carro e dispararam quatro tiros, nenhum acertou Marcinho. Após frequentar a Assembleia de Deus e a Igreja Universal, onde foi batizado, o ainda MC faz parte da Missão Maanaim Largo do Guandu, onde dá testemunho três vezes por semana.
Ele afirma ser eternamente grato ao funk, mas faz uma confissão: "Eu me arrependo da música ‘Catucar'", diz Marcinho sobre um dos seus maiores sucessos, cuja letra diz "Vou Catucar / Eu vou catucar / Vem minha gostosa / Que hoje eu vou te barulhar / Jogue o tambor pro alto / Que eu quero bater / Eu quero fuca na futchuca com você".
Como foi a sua aproximação da igreja?
Minha mãe é missionária e profetizou há 16 anos: "Hoje você está compondo música pro mundo. Mas ainda vou ver você compondo música pro Senhor". Isso ficou gravado na minha mente. Creio que tudo o que aconteceu na minha vida teve um propósito.
Sofri aquele acidente, tomei quatro tiros à queima roupa. No acidente, meu primo morreu na hora, o motorista também. Quase perdi uma perna. Na recuperação, escutava CDs evangélicos. Não queria beber mais, sair mais... Mas não adiantou, voltei a sair e sofri um assalto. Eu me assustei, o carro deu uma andada, e os caras deram quatro tiros em mim.
Nenhuma bala me acertou. Foram três na lataria e outra passou do meu lado. E Deus falou: "Como é que é? Ou vai ou não vai!". E parei de brincar. Deus restaurou meu casamento, tudo entrou nos eixos.
Deus fez um chamado para você deixar o funk?
Quando acordo, a primeira coisa que faço é falar com Deus. Agradeço pela minha vida, a dos meus familiares... O chamado eu senti no meu coração. Eu pedi uma resposta de Deus, e Ele falou diretamente comigo. Diretamente mesmo. São coisas difíceis de falar.
Às vezes, você está parado falando com Deus e vem como se fosse uma voz e fala pra mim: "Seu tempo lá fora acabou. Não tem mais tempo para você".
Quero poder falar mais desse amor de Deus para as pessoas. Aquilo que Deus pode fazer na vida de um homem. E meu trabalho, às vezes, não permite.
Tenho uma família para sustentar. Fui a Deus e disse: "Senhor, como é que eu faço?". Recebi a resposta e estou gravando meu CD.
Ser pastor faz parte dos seus planos?
É isso que eu pretendo. É um sonho e eu creio que esse sonho vai se tornar realidade. Não quero ser mais um. Quero fazer diferença. Quero poder falar ao coração dos jovens, dos idosos, poder pregar o Evangelho. Essa é a minha meta e creio que Deus está preparando tudo para mim.
A sua nova carreira já está definida?
O DVD "Tudo é Festa" será meu último trabalho secular.
Na verdade, eu não ia nem lançar o DVD. Mas como muita gente trabalhou nisso, achei que não era justo com essas pessoas.
Tem participação de Sandra de Sá, Regina Casé, MC Sapão, Bob Rum, e todas as pessoas envolvidas na produção. No DVD, terá o clipe de "Deus É Fiel", que dá nome ao futuro CD. A música é minha, canto com minha irmã Giselly.
Temos sete músicas gravadas e entraremos em estúdio para terminar mais sete. O lançamento será depois do Carnaval de 2011.
A galera do funk está te apoiando? Acha que seus fãs vão ficar chateados?
Agradeço ao funk tudo o que ele fez por mim. Tudo mesmo. Mas eu vou me desvincular de uma vez mesmo. As pessoas já estão falando e não acreditam.
Quando vou aos shows, canto "Louvor", da Jamile, e, às vezes, Regis Danese ("Faz Um Milagre em Mim"), que tive o prazer de regravar.
Espero que as pessoas possam curtir meu trabalho independente de ser funk ou gospel. Espero que possam respeitar meu trabalho e que eu possa ser um instrumento muito usado por Deus.
O funk atual não é o mesmo da época em que você começou. Essa mudança te desanimou?
O funk, quando eu comecei, tinha melodia, letra, mesmo cada um falando das suas comunidades. O funk passou a ficar apelativo e, em até certas partes, sujo.
Existem muitos funks legais, mas existe muita coisa ruim. A maioria, com certeza.As pessoas conhecem o meu trabalho, do Buchecha, Sapão, sabem como sou. Mas quando falam do funk em si, eu acabo fazendo parte desse movimento.
‘Catucar' é sua música mais maliciosa. Você se arrepende de tê-la escrito? Ainda canta nos shows?
Eu me arrependo de "Catucar". Foi uma fase onde o funk deu aquela virada do Tigrão. Meu empresário, na época, disse que eu tinha que fazer algo diferente, não tão depravado. Não é tão pesada como outras, mas tem duplo sentido. Com o passar do tempo, procurei nem cantar. Tento evitar ao máximo. Nunca gostei de cantar, ela não tem mais nada a ver comigo.
Qual é a importância da sua família nisso tudo?
Eles são a minha vida, e a minha mãe é o alicerce disso tudo. Hoje em dia, minha vida é trabalho, igreja e família. Sou casado com a Kelly, e estamos juntos, no total, há 12 anos. Tenho quatro filhos, Marcinho, de 4 anos, filho da Cacau, o Marcelinho, de 9, a Marcelly, de 10, e o Matheus, de 11, os três com a Kelly. E os amigos das antigas? Todos te dão apoio?
Muita gente já nem me liga mais. Antigamente, meu aniversário durava três dias. Hoje, faço um louvor de Ação de Graças. Pergunta se alguém aparece? Ninguém!
O Dia/Notícias Cristãs
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