Escondida no parque da Cidade, na Gávea (zona sul do Rio), uma capela construída em 1920 guarda dois painéis que revoltaram a Igreja Católica nos anos 70. Por causa deles, a arquidiocese cancelou as missas no local.
Na pintura que representa o nascimento de são João Batista, estão retratados Gal Costa, Dorival Caymmi, o escritor Jorge Amado, o pintor Di Cavalcanti e o general Emílio Garrastazu Médici, entre outras personalidades.
Nascimento de são João Batista com Gal Costa (em cima, à esq.), Dorival Caymmi, Di Cavalcanti e Médici (os três de preto)
Nascimento de são João Batista com Gal Costa (em cima, à esq.), Dorival Caymmi, Di Cavalcanti e Médici (os três de preto)
O apresentador Flávio Cavalcanti, o jornalista Ibrahim Sued, a atriz Marina Montini e Pelé estão no outro painel, que retrata a morte do santo. Caetano Veloso está nos dois painéis, representando o próprio são João Batista, mas as imagens foram alteradas, por imposição da igreja.
Neusa Fernandes, 76, diretora do Museu da Cidade à época, diz que o artista plástico baiano Carlos Bastos [1925-2004], autor de obras em igrejas e instituições da Bahia, se ofereceu para ajudar na reforma da capela, que estava fechada.
"Ele começou a retratar personalidades, algo muito comum na Renascença. Mas a igreja não gostou e começou a negociação." De acordo com Neusa, a confusão foi tamanha que nem as mudanças nas pinturas permitiram a reabertura da capela. As obras ficaram inacabadas.
Agora, uma reforma de R$ 4 milhões no conjunto arquitetônico do parque pode levar à reabertura da capela. Autorização para missas, no entanto, nem pensar, diz a arquidiocese.
Folha
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