11 outubro 2010

ESPECIAL "CRIANÇAS" - 2 - PEDOFILIA - CLAUDIA JIMENEZ

“Sofri abuso quando era menina”
Em entrevista reveladora, Claudia Jimenez, conta ter sido vítima de violência sexual na infância e fala como a rejeição dos homens, em sua adolescência, a levou a se relacionar com mulheres

Por Clara Passi

O lado cômico de Claudia Jimenez, 51 anos, todo mundo conhece. Seja por seus personagens na TV e no teatro, seja pelas tiradas engraçadas que costuma soltar em seus encontros com a imprensa.
Uma face mais emotiva e sensível da atriz, porém, ainda não havia chegado ao conhecimento do público que tanto a admira.
Na conversa a seguir, Claudia discorre, com muita maturidade e clareza, sobre assuntos delicados de sua história, como, por exemplo, sua reconciliação com os homens, depois de um longo período relacionando-se afetivamente com mulheres.
Ela também revelou ter sofrido abuso sexual de um vizinho, quando tinha apenas 7 anos.
“Só tive coragem de contar para a minha mãe aos 18 anos, depois que meu pai morreu. Isso atrasou muito o meu lado”, desabafou ela, enfatizando a gravidade do problema. “Os pais precisam tomar muito cuidado. Nunca devem deixar os filhos frequentar sozinhos a casa de outras pessoas, por mais respeitáveis que pareçam.”

Claudia conta ainda ter amargado, na adolescência, a rejeição dos rapazes por ser gorda, o que a levou a “tapar o buraco do afeto” com mulheres.
Casou-se, então, com a personal trainer Stella Torreão, com quem ficou por dez anos. Já separada, surpreendeu ao admitir, em 2008, o namoro com o ator Rodrigo Phavanello.
Foi com ele a primeira transa que teve com um homem.
“Ele foi me ensinando tudo. Eu o chamava de professor.” Mas seu “primeiro e único amor”, até hoje, foi mesmo Stella, que, segundo diz, foi quem a fez acreditar que tinha cacife para seduzir um homem. “Eu a amo profundamente”, diz, ao explicar por que não segura a emoção cada vez que cita a ex.

O namoro com Rodrigo durou dois meses e a atriz, já famosa por personagens como a Cacilda da Escolinha do Professor Raimundo (1990-1995) e a Edileuza de Sai de Baixo (1996-1997), ganhou ainda mais espaço na mídia ao aparecer com vários “amigos coloridos”.
Claudia namorou o modelo Rodrigo Bonadio, de 20 anos.
“Ele me deu um ultimato e disse: ‘Ou me assume ou estou fora’. Se a Madonna pode, por que eu não posso?”, questiona ela, no camarim do Projac, na TV Globo, antes de gravar cenas do seriado A Vida Alheia, na pele de Alberta, a editora-chefe durona de uma revista de celebridades sensacionalista.

A seguir, sua corajosa entrevista.

QUEM: Sua vida pessoal começou a chamar mais a atenção depois que, ao fim de um relacionamento de dez anos com a personal trainer Stella Torreão, você começou a sair com rapazes. Como se deu essa mudança?
CLAUDIA JIMENEZ: Tive algumas relações com mulheres e fiquei casada com Stella por dez anos. Ela foi o maior amor da minha vida, somos sócias, temos uma academia com 2 mil alunos. Hoje, ela é minha irmã. O amor dela foi tão grande (ela fica com a voz embargada), que ela me fez ter coragem de dizer: “Não, gorducha, você tem cacife para atrair os homens, você está bonita”. O amor da Stella me fez ter coragem de me reconciliar com os homens, porque, até então, eu achava que não tinha cacife para seduzir homem nenhum, porque eu era fora dos padrões, era gorda, tinha a autoestima baixa.
“O AMOR DA STELLA ME FEZ TER CORAGEM DE ME RECONCILIAR COM OS HOMENS, PORQUE, ATÉ ENTÃO, EU ACHAVA QUE NÃO TINHA CACIFE PARA SEDUZIR HOMEM NENHUM.”

QUEM: O que aconteceu no passado para você precisar se reconciliar com os homens?
CJ: Na juventude, fui rejeitada pelos garotos porque era muito gorda. Eles debochavam de mim. A gente vai ficando retraída, vai acreditando que homem nenhum vai te querer.

QUEM: Esse sentimento de rejeição em relação aos homens foi agravado por algum trauma de infância?
CJ: Sim, sofri abuso quando era menina e morava na Tijuca. Um senhor me bolinava. Eu era bem nova, tinha 7 anos. Era muito grandona, então, com 7 anos, parecia mais velha. Ele comprava muitos chocolates e me convidava para entrar na casa dele.

QUEM: Você contou a seus pais?
CJ: Não tive coragem de contar a meu pai, porque ele respeitava muito esse homem. Depois que meu pai morreu, quando eu tinha 18 anos, contei a minha mãe e minhas irmãs. Foi um choque para todo mundo. O fato de esse cara ter feito isso comigo atrasou muito o meu lado. Graças a Deus, ele já morreu, porque, se fosse vivo, eu seria capaz de processá-lo.

QUEM: Como fez para lidar com esse problema sozinha?
CJ: Faço análise desde os 14 anos. Falava disso direto na terapia.

QUEM: Ele chegou a estuprá-la?
CJ: Não, ele passava a mão em mim, fazia umas coisas que eu não entendia e achava que era carinho. Até que, um dia, quando ele estava fazendo isso, entrou uma pessoa e ele tirou a mão. Foi aí que percebi que era errado. Nunca mais fui à casa dele, nunca mais cheguei perto dele e, quando meu pai morreu, contei para minha mãe.

QUEM: Qual foi a reação dela?
CJ: Ela ficou chocada. Depois, todos ficaram sabendo de outros casos de abuso desse homem com outras meninas da rua.

QUEM: Que conselhos você daria a pais que têm filhos pequenos sobre como proteger seus filhos de pedófilos como esse homem?
CJ: Os pais precisam tomar muito cuidado. Nunca devem deixar os filhos frequentar sozinhos a casa de outras pessoas, por mais respeitáveis que pareçam. É tudo muito perigoso e doloroso. A pedofilia é grave, é preciso que se fale dela e que ela passe a ser considerada um crime hediondo, para que a punição dos pedófilos seja mais severa.

QUEM: O que você procurava quando, depois de se separar de Stella, começou a se envolver com homens?
CJ: Tive algumas relações de paixão com algumas mulheres e, com a Stella, foi a primeira relação de amor. Por isso, ficamos dez anos casadas. Esse amor foi tão grande que a Stella me ajudou a tirar de dentro de mim a mulher, a acreditar em mim como mulher (diz isso de maneira muito emocionada).

QUEM: Por que você se emociona sempre que fala de Stella?
CJ: Porque eu a amo profundamente. Ela foi a única pessoa que amei na vida – e que fez me sentir amada, o que é melhor. Às vezes, a gente namora, tem paixões, mas é difícil a gente se sentir amada. Esse amor dela fez com que eu tivesse coragem de experimentar a mulher que eu era.

QUEM: E como foi essa primeira vez com um homem, aos 49 anos?
CJ: Foi maravilhoso! Eu fazia par romântico com o Rodrigo e, conforme a gente ia fazendo as cenas, o clima foi esquentando, foi ficando bom, rolou uma química, e começamos a namorar. Eu, então, me joguei. Rodrigo é lindo, é sedutor pra caramba, é carinhosíssimo e fiquei de quatro por ele. A primeira vez foi na minha casa. Foi muito especial. Ele foi me ensinando tudo. Eu o chamava de professor. Foi impressionante, porque eu tinha 49 anos, mas, sexualmente, em relação aos homens, estava me iniciando. Peguei um grande professor, porque ele teve paciência comigo.
“OS PAIS NUNCA DEVEM DEIXAR OS FILHOS FREQUENTAR SOZINHOS A CASA DE OUTRAS PESSOAS, POR MAIS RESPEITÁVEIS QUE PAREÇAM.”


QUEM: Por que, afinal, vocês terminaram?
CJ: Sou muito ciumenta, Rodrigo é um homem muito bonito. Sou muito controladora, chega uma fase em que eu mesma boicoto a relação. Prefiro mandar embora do que ser abandonada. Às vezes, até me arrependo. Fiquei com tanto medo de perder o Rodrigo que o mandei embora. Não teve traição.

QUEM: Você já chegou a pensar em adotar uma criança? Sente vontade de ser mãe?
CJ: Eu e Stella chegamos a pensar em ter um filho que fosse meu, biológico, e a Stella ser a barriga de aluguel, por causa do meu problema do coração (em 1999, Claudia infartou e colocou cinco pontes de safena). Mas, depois, desistimos da ideia.

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