16 novembro 2010

ACHOU QUE ANDAVA NA LINHA E O TREM MATOU


A saliva que sai dos lábios da grande meretriz é inebriante e já cativou muita gente. Eu comi destes manjares, até o dia em que o algoz do sistema me ameaçou: - Se não andar na trilha, eu atropelo você.

Comer à mesa do rei é bom demais. As regalias são progressivas e proporcionais ao envolvimento e conivência. Babilônia, porém, não dá ponto sem nó, tudo o que nos concede, com jeitinho abençoador, mais cedo ou mais tarde, cobra. Se possível, mais cedo.

Apesar de seus encantos e de sua arte enganadora, já houve quem lhe oferecesse resistência assintosa e sistemática. Daniel rejeitou seus manjares, mesmo estando rodeado de gente que babava por eles.

O rótulo babilônico era enfeitado pelas mais belas cores religiosas, visto que fora confeccionado em um país essencialmente místico. O maitre lhe apresentou um menu recheado de proteína animal, mas a carne era consagrada aos demônios.

Não diga amém a "torto e à direita", sem antes pesquisar se a carne é "kosher", selada pelo Espírito e isenta de pragas. Não abra malas pretas e bonitas sem que antes tenha se certificado de que o conteúdo não é uma propina ou uma serpente venenosa.

O diferença entre vício religioso e a espiritualidade genuína não está na cor do papel, mas no conteúdo. Babilônia até permite que você a amarre liturgicamente, desde que, na prática, esteja comprometido. Ela não é afetada por quem rejeita a cor do embrulho, mas come do conteúdo.

Já fui embrulhado mais do que uma vez, mas estava redondamente enganado. Olhando para trás me vejo, mais ou menos, como aquela mulher que quando pensava estar andando na linha, o trem veio e a matou. Ainda bem que Deus tirou o meu pé desta reta antes que ..... Vupt.

Não pespere que eu afirme que Babilônia não é o seu lugar, pois não é um lugar, uma forma, uma denominação ou uma placa mas um sistema, que se infiltrou em todas os lugares, rótulos, cores e placas.

Tome cuidado, a sutileza babilônica é proverbial e quem se acha esperto, está no limite do escorregão. Não se gabe por ter encontrado a forma e a direção certas, pois a soberba teológica não nos deixa perceber se a linha é a mesma do trem que atropelou aquela mulher. Lembra dela? Não espere para ligar o desconfiômetro depois que virar cascalho de ferrovia.

Ubirajara Crespo/sob-nova-direcao.blogspot.com

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