25 abril 2011

Entrevista com Regina Vaz, escritora e terapeuta de casais

Com mais de 20 anos de experiência, Regina Vaz sabe muito bem o que dizer quando o assunto é terapia para melhorar a relação amorosa entre casais. Em conversa com o Portal Arca Universal, ela fala sobre sua carreira e dá dicas funcionais para manter um relacionamento feliz e duradouro.

Você já precisou fazer terapia de casal?
Não tive a necessidade de fazer a terapia de casal como paciente, pois eu faço a individual – psicanálise –, então, sempre me senti à vontade para debater relacionamentos.

Como foi sua inserção nesse mercado?
Eu já fazia orientação para casais quando era assistente social, mas me firmei no ramo em uma divulgação de um dos meus livros na televisão. Ao final do programa, o diretor pediu que eu aguardasse. Nesse meio tempo, várias pessoas do próprio programa, foram me entrevistar, e ele me disse que precisava de uma “babá de casais” para um quadro. Foi assim que tudo começou.

Quando você é mais procurada pelos casais?

Geralmente sou procurada quando está tudo desmoronando – quando o paciente já está na UTI é que acha que precisa de um médico. Percebo que quando a pessoa está namorando, ela mostra o melhor de si, principalmente no início do relacionamento. Eu costumo dizer que é igual vassoura: começa a varrer muito bem, mas depois vai desgastando. É difícil as pessoas mostrarem como realmente são e dizerem do que gostam ou não. No namoro, elas têm dificuldade de dialogar, não falam o que querem realmente e, quando casam, esse problema vem à tona. Tudo o que foi camuflado e o que foi escondido para debaixo do tapete reflete no casamento.

Qual o problema mais comum?
A principal dificuldade é a falta de diálogo, pois as pessoas não se comunicam. Outra situação: não respeitar a vontade e espaço do outro. Nós temos de perceber o que queremos e o que o outro quer. Além disso, os casais precisam traçar metas e objetos de vida em comum e individual para uma união feliz.

Como é realizada a terapia de casais?
Depende muito de cada caso. Eles vêm e falam o que está acontecendo, normalmente cada um fala o seu ponto de vista. A partir daí eu avalio se é melhor fazer uma sessão com cada um sozinho para que eles possam se soltar mais e vou intercalando. Eu ouço e faço o meio de campo. A maior dificuldade deles está em falar e ouvir.

Como eles encaram a terapia?
Os casais sempre enfrentam com muita dificuldade, sempre um começa “amarrado”. Quem decide fazer vem mais tranqüilo. É difícil os dois aceitarem de início. Geralmente um acha que o problema é com o outro e ainda imagina que o problema poderia ser resolvido pelos dois. As pessoas aceitam ir ao médico para verificar a dor no pescoço ou no estômago, mas não querem ir ao médico para tratar do relacionamento, que muitas vezes interfere em todas as outras dores.

O homem é mais resistente em procurá-la?
Eu vejo que as pessoas estão resistentes em vários casos, não apenas no sexo masculino. Essa situação acontece quando a pessoa não quer fazer a terapia de casais e não quer admitir a situação dentro do próprio casamento.

Dos casos que você já atendeu, qual a porcentagem de sucesso?
Há sucesso quando existe boa vontade e determinação de ambas as partes.

O que se deve fazer para não cair na rotina?
Cai-se na rotina por um pouco de comodidade. As pessoas começam a se arrumar da porta para fora. Por exemplo: a xícara está quebrada, a pessoa utiliza a mesma a semana inteira, assim que a visita chega, põe-se a melhor louça na mesa. O mesmo acontece com as toalhas de rosto e assim por diante. Isso não pode acontecer com o homem e com a mulher. A barba precisa ser feita mesmo para ficar em casa e a mulher precisa usar um pijama bonito. A primeira situação é as pessoas se arrumarem para se sentir bem e para o companheiro, e não para a rua.

O que você diria para os casais?
Minha sugestão é: não adianta esconder, tem que mostrar no dia a dia o que você quer e o que você não quer, o que gosta e o que não gosta.

debora.ferreira@arcaunoversal.com

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