02 junho 2009

"Eu interpretava uma alegria que muitas vezes não sentia",


"Eu interpretava uma alegria que muitas vezes não sentia", afirma ator que representou o Bozo

"Bozo, Bozoca, Nariz de Pipoca", a infância da década de 80 foi permeada por esse jargão. Convidado pelo SBT para ser um dos intérpretes do maior palhaço do mundo (1981-1991), o ator Arlindo Barreto foi a "babá eletrônica" de uma geração. Na época, os principais programas infantis da televisão, Vila Sésamo e Sítio do Pica-Pau Amarelo, não traziam a interatividade do Bozo. A abertura dizia: "Alô, criançada o Bozo chegou, trazendo alegria para vocês e o vovô". No entanto, a alegria de Barreto estava, a maior parte do tempo, presente apenas no sorriso vermelho de sua maquiagem.

A busca pela felicidade trouxe frustrações ao artista, que para encontrá-la procurou adquirir cultura e fama.
Foi ator de novelas da Globo, atuou em "Sítio do Pica-Pau Amarelo", fez 25 longa-metragens no cinema e dirigiu o circo Vostok. Como Bozo, ganhou cinco troféus Imprensa, três discos de ouro, a medalha da paz da UNESCO como Embaixador da Boa Vontade, o Colar da Caridade da Polônia e várias premiações concedidas por feitos às comunidades carentes.
Todo esse reconhecimento não o fez feliz. Após a morte de sua mãe, a atriz Márcia de Windsor, que foi apresentadora e jurada dos programas de Flávio Cavalcanti e Silvio Santos, o artista envolveu-se com as drogas.
Uma vida entre apresentações na TV e dependência química que durou dois anos e culminou em um tombo no banheiro de casa que levou-o a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Foi lá que Arlindo conheceu o Evangelho e iniciou uma nova vida. Mas, como o próprio artista conta, foi necessário deixar a coroa de maior palhaço do mundo para receber a coroa da vida, incorruptível.

O maior palhaço do mundo: "Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria mais do que a teus companheiros" (Hebreus 1:9).

Guia-me: Você é filho da atriz Márcia de Windsor, reconhecida no teatro, cinema e TV. Qual o papel da sua mãe na escolha de sua carreira artística?
Pr. Arlindo Barreto: Ela sempre sonhou que eu me tornasse um cientista e assim pudesse minimizar o sofrimento humano. Segui o impulso natural que existia em mim e comecei como ator de novelas, tais como: "Gina", "Maria, Maria", "Sítio do Pica-Pau Amarelo", "Os Imigrantes", "Cara a Cara", "Dulcinéia vai à guerra". Fui para o cinema, fiz 25 longas-metragens e aceitei o desafio de fazer as pessoas sorrirem por meio do circo.

Guia-me: Como aconteceu sua relação com o circo? O que aprendeu nessa experiência?
Pr. Arlindo Barreto: Comecei devagar. Fui para o trapézio primeiro, depois fui aramista, globista, domador e passei a ser o palhaço auxiliar provocando risos na platéia, e depois, diretor artístico do circo Wostok. Isso foi em 1983.

Guia-me: Como surgiu a oportunidade de interpretar o Bozo? Por quanto tempo e em que período você atuou como o maior palhaço do mundo?
Pr. Arlindo Barreto: O Bozo foi criado nos EUA há mais de 40 anos, por Larry Harmon, que fundou a Larry Harmon Pictures tornando-se um personagem de muito sucesso. Sílvio Santos viu, gostou e decidiu abrir uma concorrência para candidatos ao papel. Eu aceitei o desafio, pois queria vestir a roupa daquele que chegou a ser o maior palhaço do mundo, quebrando um paradigma na TV brasileira a ser o primeiro ator, que haveria de ser a babá eletrônica da década de 80, brincando ao vivo com as crianças. Fiz os testes e fui aprovado por unanimidade pela empresa americana detentora dos direitos autorais e pelo SBT.

Guia-me: Ouve-se que muitos palhaços fazem as pessoas sorrirem, mas são intimamente pessoas tristes. Com o senhor foi assim? A alegria era real ou maquiagem?
Pr. Arlindo Barreto: Eu era apenas um ator que interpretava uma alegria que muitas vezes não sentia.
Guia-me: No auge de seu sucesso, com o falecimento de sua mãe, o senhor sofreu um abalo emocional grande. Até que ponto este fato contribuiu para seu envolvimento com as drogas?
Pr. Arlindo Barreto: Eu Já havia alcançado tudo aquilo que acreditamos ser a verdadeira fonte da alegria: muita cultura, fama, prestígio, dinheiro e uma família muito bonita, e nada disso conseguiu preencher o vazio existencial que havia em meu ser. Márcia de Windsor, minha querida mãe, morre. O Brasil chora a morte desta atriz maravilhosa (mineira) que marcou com beleza, elegância e dignidade a carreira de atriz. Eu sofri um choque. Tentei afogar a saudade do meu peito com bebida e o resultado foi pior. Usei a cocaína para fugir da depressão e fiquei dependente, afastei as pessoas que eu mais amava.

Guia-me: Como Cristo chegou a sua vida?
Pr. Arlindo Barreto: Sofri um terrível acidente. Em 1986 fui levado praticamente sem sangue para o hospital, e na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) recebo a visita de um pastor que anunciou as Boas Novas do Evangelho de Jesus para mim. Ali, recebi a Jesus como meu único Senhor e Salvador e fui repleto pela maior de todas as alegrias (Hb. 1.9).

Guia-me: Como foi a luta pela patente, royalties e direitos autorais do personagem Bozo?
Pr. Arlindo Barreto: A razão não foi financeira, pois a quantia de U$ 1.000.000,00 anuais seria facilmente quitada devido aos meus patrocinadores interessados. O motivo do impasse foi que a Larry Harmann Pictures não permite que o personagem Bozo pregue a palavra de Deus.

Guia-me: Então nasceu o Mr. Clown?
Pr. Arlindo Barreto: Mr. CLOWN é o Embaixador do Reino de Deus. Ele tem como função básica e principal anunciar o Reino que já está sobre nós .Todo rei tem um bobo (clown) em sua corte, que alegra o seu povo e anuncia a sua chegada, através de música, pantomimas e brincadeiras.
O personagem (Mr. Clown), através de mágicas (truques óticos mecânicos), esquetes, dramatizações de maneira alegre e criativa, prega a palavra de seu Senhor (Deus), anunciando as Boas Novas do Reino.

A sua mensagem conduz todos os seres humanos, adultos e crianças, ao conhecimento da verdadeira alegria, que é fruto do Espírito Santo (Hb 1:9), que não acaba quando o dinheiro, a saúde, a fama ou a cultura (intelectual) passam.

Guia-me: Fale um pouco sobre os sucessores do Mr. Clown, os "Ministros da Alegria".
Pr. Arlindo Barreto: Meus filhos, David e Diego, são meus discípulos e formam a dupla de evangelistas de crianças, conhecidas nacionalmente como os "Ministros da Alegria". Minha filha Stacy é uma levita graciosa e conhecida como a minha 'secretária' particular para assuntos eclesiásticos esporádicos. Minha esposa é minha produtora, companheira, ajudadora, e retaguarda na intercessão. Eu e minha família servimos e serviremos sempre ao Senhor Jesus com alegria, doando nosso tempo, talentos, influência, bens e riquezas para expansão do Reino de Deus!

Visite arlindobarreto.com.br

Bate rebate
Data de nascimento: 19/05/53
Prato preferido: Sushi

O que não pode faltar em sua casa: Paz, amor e Jesus.
Qualidade: Quem me conhece sabe
Defeito: Ser intransigente com as coisas do mundo, com o mundanismo na igreja.

Um sonho não realizado: Ver o Brasil convertido à Jesus
Um sonho realizado: Ter a certeza de que um dia eu vou morar com Jesus lá no céu.
Um versículo: Hebreus 1:9

Um fato triste: Ver cristãos enterrarem seus talentos, e se alienarem politicamente submetendo as leis que os ímpios determinam.

Um fato marcante: O dia em que aceitei Jesus.

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