21 julho 2009

ABUSO SEXUAL


Um em cada quatro homens já estuprou na África do Sul, mostra estudo

Uma pesquisa realizada na África do Sul mostra dados preocupantes: Um em cada quatro homens já forçou uma mulher a praticar sexo. O estudo revela ainda que cerca de 10% deles admitiram ter feito com jovens menores de 10 anos.

Segundo Rachel Jewkes, uma das pesquisadoras à frente do estudo, o trabalho é importante para ajudar o país a prevenir os crimes. “Acredito que essa prevenção precisa incentivar intervenções para promover a equidade dos gêneros, particularmente entre os homens. Essas medidas devem fortalecer as famílias e as suas habilidades em proteger mulheres e crianças de abusos e traumas”, disse a especialista.

Mesmo com algumas das violações sendo denunciadas à polícia, o problema persiste. Apenas em 2007, segundo a polícia, foram registrados 52.617 casos em todo o país, com destaque para a província de Gauteng, onde fica Johannesburgo, com 11.114. Kwazulu Natal, da litorânea Durban, teve 9.587 casos e a província de Eastern Cape, de extensa área rural, teve 7.796.

Os números mais desanimadores não vêm de nenhuma dessas regiões citadas acima. Mas está localizada ao sul, em Western Cape, precisamente na Cidade do Cabo, área que mais recebe turistas no país(áreas pobres sem infra-estrutura).

A estimativa é de que ocorra um abuso sexual a cada 26 segundos. Segundo a Simelela, ONG criada em 2003 para dar apoio às vítimas de abuso sexual na área que abriga entre um milhão e dois milhões de pessoas, 41% das mulheres que sofrem violação têm menos de 14 anos. De acordo com os registros da organização, a vítima mais nova tinha um ano, e a mais velha, 76.

Na maioria dos casos, o inimigo está dentro da própria casa. Aqui, um em cada dez estupros é cometido por alguém da família, e 40% dos abusos acontecem na casa da vítima. Em lugares abertos, ocorrem 35% dos casos.

Como arma principal, os criminosos elegem a ameaça psicológica, presente em 65 % dos casos. Armas como facas, punhais e até tijolos são usadas em 41% dos casos. Outro componente muito comum é o estupro coletivo. Segundo a Simelela, um quarto dos casos envolve mais de um abusador.

Para dar apoio às vítimas, a ONG tem um telefone 0800 e funciona 24 horas, sete dias por semana. O centro tem como objetivo educar a comunidade por meio de palestras, dar suporte aos sobreviventes, reduzir o trauma e prevenir o HIV.

O trabalho da equipe também esmiuça a quantidade de abusos que cada estuprador cometeu. Um a cada dois (46,3%) revelou ter abusado de mais de uma mulher ou menina; 23,2% mencionaram entre duas e três vítimas; 8,4%, entre quatro e cinco; 7,1%, entre seis e dez mulheres ou meninas; e 7,7% disseram que o número de abusos superou 10. Em relação à idade das vítimas, 9,85% dos estupradores disseram que elas tinham menos de 10 anos; 16,4%, entre 10 e 14; 46,5%, entre 15 e 19; 18,6%, entre 20 e 24; 6,9%, entre 25 e 29; e 1,9%, acima de 30 anos.

Como se não bastassem o risco de contrair infecções, HIV e gravidez indesejada, há exclusão social, trauma e depressão que atingem grande parte das vítimas. De acordo com o Unaids (Programa das Nações Unidas para Aids), há 2,5 vezes mais mulheres contaminadas do que os homens, justamente devido ao sexo forçado. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o sexo com violência freqüentemente pode provocar ferimentos, o que facilita a entrada do vírus.


De acordo com a pesquisadora, o governo precisa se mobilizar para resolver esse tão grave problema. 'Apesar da pesquisa ter tido uma repercussão no mundo, não houve nenhuma manifestação do governo'. Ela disse ainda que gostaria de ver a pesquisa disseminada ao redor do mundo, para se entender a natureza do abuso sexual em outros países e o que é necessário fazer para intervir e prevenir.
Elnet

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