27 julho 2009

EXEMPLO DE VIDA

Garota de 14 anos doa US$ 10 mil em instrumentos

Giulia Olsson criou uma ONG e vendeu limonada para arrecadar dinheiro e comprar instrumentos musicais para doar. E ela só tem 14 anos...


“Nas férias de verão do ano passado, pensei em doar instrumentos e ensinar música para crianças”. Sim, porque antes de se descobrir apaixonada por ajudar os outros, Giulia se apaixonou pela música. “Tinha 8 anos quando comecei a estudar violino e percebi que a música transforma a vida das pessoas. Eu quero passar isso para as crianças que não têm as mesmas oportunidades.” Ela estava nos EUA, mas tinha em mente as crianças carentes do Brasil.


Giulia então fundou a ONG Notes for Hope . Fez folhetos de seu projeto para distribuir para as pessoas na rua, falou com professores e vizinhos, organizou brechós, lavou carros e economizou cachês de inúmeros concertos dos quais participou como violinista – sim, além de tudo ela toca profissionalmente. Perdeu as contas dos litros de limonada que vendeu para aplacar o calor dos outros e sua sede de caridade. “Em números não sei, mas foram muitas jarras, com certeza”, diz Giulia, entre risos.


Em dez meses, juntou pouco mais de US$ 10 mil, numa respeitável média de US$ 1.000 por mês, sem ajuda financeira dos pais, de governos ou de empresas.


Enquanto levava seu projeto a cabo, Giulia pesquisava na internet uma instituição idônea e confiável. Chegou ao nome do Maestro Baccarelli, fundador do Instituto Baccarelli, que há 13 anos mantém uma escola de música para crianças carentes na maior favela de São Paulo, a de Heliópolis, na Zona Sul da cidade, sede da Sinfônica de Heliópolis. Giulia viu e ficou fascinada por Sinfônica Heliópolis e Arnaldo Cohen, documentário sobre o encontro da orquestra com o respeitado pianista. Entrou em contato com a instituição e foi recebida de ouvidos abertos. A boa ação tomou forma definitiva quando a mãe de Giulia, a brasileira Debora Olsson, veio ao Brasil conhecer de perto a escola, que atende mais de 600 jovens.

Invertendo a lógica de muitas leis de incentivo à cultura no Brasil, que financiam projetos privados com dinheiro público, Giulia transformou dinheiro privado em ação pública. Em junho, comprou 72 instrumentos de corda, entre violinos, violoncelos e viola, e conseguiu outros três, doados por amigas. “Desde o começo queria trabalhar com crianças, para que elas aprendessem música ainda pequenas”, diz.

O projeto de Giulia chama a atenção não apenas pela rapidez com que foi executado, mas pela grandeza do gesto – numérica, inclusive. “Em geral as pessoas doam um instrumento herdado que está parado, dois instrumentos arrecadados. É difícil uma doação desse porte”, diz o maestro Roberto Tibiriçá, diretor artístico da Sinfônica de Heliópolis.

Durante as duas semanas que passou no Brasil, Giulia monitorou os ensaios de violino de 32 crianças, de 7 a 10 anos. Ensinou violino e inglês. “Foi emocionante, porque a única oportunidade que eles têm é com a música, e eles colocam todo o coração e a garra naquilo”, diz Giulia. Agora, ela quer estender seu trabalho para outros Estados: “Pensei em Pernambuco, que tem projetos legais, mas ainda estou vendo como fazer”.

Giulia ainda não sabe se vai estudar música para se profissionalizar, mas tem uma certeza: “Quero continuar meu trabalho social, porque a sensação de ajudar é incrível”.

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