03 agosto 2009

Irmão de Suzane é contra regime semiaberto

Andreas von Richthofen diz a peritos que a irmã é manipuladora e que ainda pode ser ameaça para a sociedade.
Declaração pode influenciar a decisão da Justiça sobre pena da jovem condenada por tramar a morte dos pais.
Quase sete anos depois de perder o pai e a mãe – mortos a golpes de barras de ferro –, o único irmão de Suzane von Richthofen teme o que pode acontecer se ela sair da cadeia. “Ela me manipulava”, disse Andreas. “Se fez isso com nossos pais, que dirá com outras pessoas.”
Essas afirmações foram feitas recentemente, em Taubaté, no interior de São Paulo, a uma assistente social e um psicólogo da equipe encarregada de avaliar Suzane.
A percepção de Andreas, hoje um universitário de 22 anos, pode pesar na decisão que a juíza Sueli Zeraik Oliveira Armani de Menezes tomará nos próximos dias: transferir Suzane ou não para o regime semiaberto – aquele em que os detentos podem passar o dia na rua e voltam à prisão apenas para dormir.












Andreas cresceu admirando a irmã, quatro anos mais velha, e acabou se tornando seu confidente. Ninguém, além dos pais assassinados, conviveu tanto com Suzane.
A forte amizade entre os dois acabou meses depois do crime. Ele deixou de visitá-la na prisão.
“Andreas nos contou detalhes da convivência familiar, do relacionamento dele com a irmã”, afirma o psicólogo Alvino de Sá, professor de criminologia da Universidade de São Paulo. “Ele divergiu de Suzane no que diz respeito à austeridade dos pais. E trouxe informações interessantes para a perícia.”

Sá, um dos profissionais mais experientes da psicologia forense no país, atuou como uma espécie de consultor da perícia a que Suzane foi submetida. “É praxe que esse tipo de exame seja feito por apenas um psiquiatra e um psicólogo”, diz.

Suzane foi avaliada por duas equipes.Uma delas, composta de sete técnicos da unidade em que está encarcerada, incluiu um psiquiatra, uma psicóloga e uma assistente social. Seu foco era analisar o comportamento de Suzane na prisão e a possibilidade de ela se readaptar à vida fora das grades.
A outra equipe, formada por dois psiquiatras, dois psicólogos e uma assistente social de fora da cadeia, avaliou a probabilidade de Suzane voltar a delinquir.
As conclusões das avaliações são divergentes. Para os técnicos da penitenciária, Suzane está apta ao semiaberto.
Os psiquiatras da equipe externa têm essa mesma opinião. Mas os psicólogos e a assistente social – que, junto com Alvino de Sá, entrevistou Andreas – detectaram sinais de “periculosidade”. Eles recomendaram que Suzane continue em regime fechado.

“Para a juíza, o melhor dos mundos seria não haver divergências”, afirma Sérgio Salomão Shecaira, presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, órgão ligado ao Ministério da Justiça.
“Se os dois laudos fossem favoráveis, ela seria obrigada a mandar Suzane para o semiaberto.”
“Suzane tem personalidade manipuladora e dissimulada”, diz o promotor Paulo José de Palma, que atua no caso.

“No dia do crime, ela almoçou com a mãe como se não tivesse planejado matá-la. Chorou no velório e no enterro dos pais. Deu entrevista ao Fantástico tentando se mostrar arrependida.”

Na semana passada, De Palma enviou um parecer recomendando à juíza Sueli que negue o pedido dos advogados de Suzane. Eles entendem que, por ter cumprido mais de um sexto da pena de 39 anos e meio, ela teria o direito de ser transferida para um regime menos severo. Desde 2007, a progressão de regime para autores de crimes hediondos só pode ocorrer após o cumprimento de 40% da pena, caso o condenado seja primário; e de 60%, se for reincidente. Como a nova lei é posterior ao crime, ela não se aplica a Suzane.
Época

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