01 agosto 2009

MICOS DA DECORAÇÃO

Micos da decoração - Pode usar? Depende

Pinguim de geladeira é brega? E flor artificial, sanca, textura e anão de jardim? Na etiqueta da arquitetura, da decoração e do paisagismo, o certo e o errado estão intimamente ligados. Dúvidas de internautas sobre esses e outros mitos foram enviadas ao site de Casa e Jardim e esclarecidas por especialistas, que afirmam: nada é tão radical a ponto de garantir o veto ou o passe livre

PINGUIM - Drama e humor na geladeira

Qual é a sua reação ao se deparar com um pinguim de louça em cima da geladeira? Arrepio, gargalhada ou simpatia? Seja qual for o resultado, ele é mais legítimo e legal do que o DNA cafona que a ave carrega. “Acredito que o mito não seja o pinguim e sim falar que algo é brega”, diz Marcelo Rosenbaum.
Para o designer, tudo pode e depende da história de cada um. Não existe o proibido.
“Acredito que a relação das pessoas com os objetos é algo íntimo e pessoal.”
Cada um tem o direito de colocar o que quiser e onde quiser, desde que aquilo corresponda à sua essência.
Isso vale para o pinguim de qualquer cor e material ou outra peça. S
egundo ele, tirar objetos de seu contexto pode ser interessante. “Nada precisa estar onde foi dito para ficar. O que conta é a interpretação de cada um.”
fOTO- pinguins da Rachel Hoshino à venda na 62º.



FOTO DE FAMÍLIA- Invista numa galeria particular

Imagens são recordações mais do que especiais, mas não precisamos colocá-las em vários porta-retratos dando boas-vindas a todos que entram na sala.
“Essas imagens são íntimas e é estranho se deparar com elas espalhadas em mesas e estantes. Pertencem à família”, comenta o arquiteto Sig Bergamin.
Que tal substituir os porta-retatos por molduras – de várias cores, formas e tamanhos – e aproveitar um corredor da casa para fazer sua própria galeria?
Por exemplo, naquela parede branca que não tem espaço suficiente para uma obra de arte.
Lá, é possível brincar com a imaginação e colocar todas as fotografias, inclusive dos animais de estimação.
Segundo Sig, porta-retratos com fotos de família devem ser usados em número reduzido e na área íntima. Ao lado, molduras da Differenza.


SANCA Só - com linhas retas e luz quente

Poucos artifícios arquitetônicos e decorativos despertam tanta indagação quanto a sanca, acabamento que une a parede ao teto com uma moldura de gesso, madeira ou outro material e é sempre iluminada. Acompanhada de luz fluorescente, ela pode lembrar decoração de motel.
Por ter sido usada exageradamente dessa forma, gerou a dúvida: como tê-la de forma elegante? A primeira regra é fugir do néon e optar por um sopro de luz mais amarelado e quente.
Usar mangueira de luz é uma solução bacana.
Outra regra: deve-se optar por linhas retas, já que as rebuscadas estão fora de moda.
“Com essas características, a sanca pode ficar interessante. Claro que depende do contexto e de onde ela está”, diz o arquiteto Flávio Butti.
“Hall de elevador, galeria de arte, ambiente de passagem ou comercial (foto) são os mais indicados. Evite colocá-las em quartos ou salas.”



SAMAMBAIA- Jeito novo de expor

A samambaia, usada nos anos 1960, 1970 e parte dos anos 1980 em vasos de xaxim com corrente, ganhou fama de cafona por ser vista à exaustão, até cair no esquecimento.
Mas será que foi justo? Para o paisagista Ricardo Pessuto, foi injustiça.
“Não existe planta feia, existe planta mal-empregada, como dizia Burle Marx”, afirma. “Além de ser uma espécie que cria um ambiente tropical, traz o resgate da família. Cresci vendo a planta na garagem da minha mãe.”
Segundo ele, a samambaia precisa ser adaptada para os dias atuais. A proposta é pegar um vaso de desenho contemporâneo, como o de ferro com fibra de coco, de cerâmica esmaltada ou vietinamita, e substituir a corrente por corda.
Para quem mora em apartamento e tem varanda, a peça pode criar uma separação do ambiente do vizinho. “Pendurada entre as duas varandas, traz um ar tropical, frescor e privacidade.”
Outra solução é deixar o vaso como enfeite no canto da mesa (foto).


TEXTURA- Melhor fora do que dentro de casa

Modismo nos anos 1990, as texturas estão sendo cada vez menos solicitadas. Ainda bem! Cautela é a palavra, afirma a arquiteta Fernanda Marques. Mas como usá-las?
Dentro de casa, a arquiteta praticamente não indica.
“Se a ideia é destacar uma parede de uma área com pé-direito duplo, por exemplo, pode-se até admitir, mas com muita economia”, diz.
A cor branca é a ideal, com variações de off-white e bege. Tenha cuidado: sua casa pode ganhar cara de escritório. Na área externa, por outro lado, a textura é bem-vinda.
Além de exigir pouca manutenção, alguns revestimentos escondem rachaduras e sinais da ação do tempo.
“O fundamental é que a textura combine com a luz natural e a reflita, passando a sensação de ampliação na fachada.”


TOALHA DE CROCHÊ - Adaptando-se a outras funções

As toalhinhas de crochê são fofas. Além do trabalho manual que está por trás delas, há um resgate familiar, já que muitas foram feitas pela mãe ou pela avó.
Mas esqueça o uso convencional, ou seja, em cima da mesa ou embaixo de um vaso.
O lance para deixar a peça com uma cara mais atual é customizar.
Que tal pegar tais toalhinhas, juntá-las e fazer um belo patchwork?
Transformadas em uma manta, podem ser jogadas sobre uma poltrona, um sofá, um banco ou uma cama. “Podem também ser usadas em almofadas”, sugere a designer de interiores Neza Cesar.
“Outra dica interessante é transformá-las em um jogo americano. Coloridas, elas funcionam bem.” Na foto, xale da Zizi Maria.


FLOR ARTIFICIAL- Use com moderação

“As flores de plástico não morrem”, já dizia a música dos Titãs.
Mas não é por isso e porque hoje o mercado oferece opções de ótima qualidade em flores artificiais que se pode abusar delas. Pelo contrário: é preciso bom-senso para evitar o ridículo, ou seja, a pretensão de tentar fazer com que se pareçam reais.
Para o florista Vic Meirelles, uma boa dica é empregá-las em festas e em lugares onde as naturais durariam pouco, por causa do calor ou do ar-condicionado forte.
Outro detalhe: que fiquem longe do toque das mãos!
“Colocar algumas em um lustre da casa durante uma recepção é uma boa solução”, orienta Vic.
Pode ser rosa, orquídea ou hortênsia. A mistura do postiço com o natural ressecado também vale. “Acho interessante quando se juntam flor artificial e trigo, galho ou folha natural seca”, diz. Na foto, orquídea artificial do Empório das Flores


CARPETE - Transforme-o em um tapete

Ao ser apresentado a um imóvel para alugar ou comprar, eis que surge a desagradável visão: um carpete acinzentado, mofado e puído.
Quem nunca se deparou com essa cena? O tempo passou, mas o trauma permanece.
Hoje, há carpetes sofisticados e que esbanjam tecnologia – afugentam a sujeira, impedem a expansão do fogo e outras maravilhas.
Mas a falsa ideia de que a aparência decadente do revestimento em breve vai dar as caras ou que os alérgicos vão sofrer horrores com ele ainda é forte.
O arquiteto Gustavo Calazans acredita que o carpete dá uma sensação de aconchego que nenhum outro piso confere à área íntima – só à área íntima.
Para ele, acordar e pisar no carpete é como um toque de carinho logo de manhã.
Mas esqueça a forma tradicional de colocação fixa.
A nova ideia é utilizá-lo como um tapete: solto do piso. “Pode ser sob medida, ocupando todo o espaço do quarto, mas com a diferença de ser apenas encaixado; ou menor que a metragem do cômodo, exibindo um pouco do piso real”, diz.
O carpete de lã é o mais sofisticado, caro e frágil.
Entre os sintéticos, o de náilon é a melhor opção, pois não deforma e é fácil de limpar.
A cor é outro ponto de dúvida: não precisa ser necessariamente clarinha. Na foto, carpete à venda na Casamatriz.


ANÃO DE JARDIM -Brinque de customizar

O anão de jardim – e afins, como sapos, cogumelos e caramujos – foi um dos campeões de perguntas no site de Casa e Jardim. É brega ou não é? É proibido ter um, dois, três?
Para o paisagista Alex Hanazaki, nada é proibido hoje em dia, mas existe o “depende”.
“Primeiro, se há dúvida, é melhor não usar. Depois, o importante é perceber em que contexto eles estão inseridos e o espírito do dono da casa. “Já vi coisas de caráter duvidoso tornarem-se divertidas em determinada situação. O essencial é ter um toque de humor e despojamento”, afirma Hanazaki.
A pedida, segundo ele, é customizar a peça, encarando-a como uma escultura.
“Pedir para um artista plástico, cujo estilo combine com o dono da casa, personalizar o anão é uma boa alternativa.”
O paisagista conta que um cliente seu, agricultor, solicitou uma escultura de boi no jardim. “Sugeri que ele comprasse uma vaca da Cow Parade (exposição itinerante de vacas em tamanho real, pintadas por artistas plásticos). Ficou bacana.”


RÉPLICA DE OBRA DE ARTE -Hora de assumir o pôster
Imagine aquela bolsa dos sonhos, de grife internacional e supercara, mas que não cabe no orçamento. Qual é a melhor opção?
Guardar mais dinheiro, adiando a compra, ou buscar uma falsificada só para saciar a vontade aterradora? Fique com a primeira alternativa.
Com relação às obras de arte, serve o mesmo pensamento. Para o decorador Fernando Piva, o pôster com assinatura de grandes museus é uma boa alternativa para trazer uma atmosfera artística para a casa.
“O legal é que essas reproduções assumidas fiquem em ambientes descontraídos, como cozinhas, copas ou escritório”, afirma. Ele alerta: “Emoldurar somente o desenho, nem pensar!”. Ou seja, o nome do museu tem de ficar à mostra.
Outra sugestão é usar pôsteres com cartazes de cinema, nos mesmos ambientes. Para quem quer investir, Piva lembra que a arte em papel não é tão cara assim, com opções interessantes no mercado. O pôster da foto é da Fast Frame.

Casa e Jardim

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