Preocupada com a saúde dos brasileiros, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) iniciou uma campanha nacional de prevenção ao câncer de pênis.
Segundo a entidade, a doença causa mil amputações do órgão sexual masculino por ano no País, e tem como principal fator um hábito que pode ser facilmente combatido: a má higienização.
Este tipo de câncer é assintomático e, normalmente, só é percebido com o aparecimento de ferida ou irritação no local.
Ao notar qualquer anormalidade, deve-se procurar um especialista o quanto antes, alerta o urologista Aguinaldo Nardi, coordenador de campanhas públicas da SBU.
Nesta entrevista, de Inahiá Castro ele fala do problema e destaca a importância de ações preventivas e do cuidado com a saúde masculina de forma geral.
1 – Por que a campanha de prevenção contra o câncer de pênis foi mais direcionada ao Norte e Nordeste e como ela está sendo aplicada ao restante do País?
A divulgação do problema está sendo feita em todo o Brasil. No Norte e Nordeste, especificamente, nós realizamos cirurgias e distribuímos cartazes e folhetos, porque são as regiões com maior incidência da doença. Nas outras regiões, procuramos orientar a população no sentido de que a higiene genital deve ser feita adequadamente por adultos, além de ter que ser ensinada para as crianças o mais cedo possível. Queremos ainda que a população entenda que o homem deve procurar o urologista não só para cuidar do câncer de pênis, mas também por causa de outras doenças. No site da Sociedade Brasileira de Urologia (www.sbu.org.br) também é possível encontrar um importante material informativo.
2 – Quais são as principais causas desse tipo de câncer que acomete os homens e como evitar a doença?
A má higienização é o principal fator, seguido de doenças sexualmente transmissíveis, como o HPV. Os homens devem lavar o órgão genital diariamente e, principalmente, sempre após as relações sexuais. Uma pequena ferida pode ser um tumor maligno que, se não cuidado, pode ocasionar não só a amputação do órgão como também dos membros inferiores. A fimose (impossibilidade de retração da pele do pênis para expor a cabeça do órgão) impede que seja feita uma higienização correta e muitos homens não sabem que esse problema existe.
3 – Existem casos em crianças ou adolescentes?
A maioria dos casos acomete o homem após os 50 anos de idade. Mas, aqui no Brasil, temos uma incidência também entre jovens de 15 a 26 anos.
4 – Já é possível avaliar uma resposta a essa campanha?
A resposta foi imediata. Durante a campanha nós fizemos um mutirão de cirurgia de fimose nas principais capitais das regiões Norte e Nordeste, onde operamos 390 pacientes. Dois homens que escutaram sobre a campanha no rádio nos procuraram na hora, pois apresentavam alguns sintomas. Eles foram imediatamente encaminhados para cirurgia. Os dois tiveram indicação de amputação do membro.
5 – Existe algum trabalho de assistência psicológica a esses homens que precisam passar por uma amputação do órgão genital?
Sim, todos os hospitais que realizam esse tipo de cirurgia contam com atendimento de assistentes sociais e psicólogos, que são fundamentais na condução dos pacientes. A rede pública de saúde está bem preparada, tanto com equipamentos como com profissionais para a realização da cirurgia de câncer de pênis, até porque é um procedimento simples do ponto de vista cirúrgico.
6 – Há uma estimativa para a erradicação da doença no Brasil?
Acreditamos que em 20 anos seja possível erradicar este tipo de câncer. Trata-se de uma questão cultural. Temos que ensinar toda a população brasileira que fimose existe e que é preciso lavar o pênis corretamente. Isso é um trabalho muito longo mesmo.
7 – Quais são os países que apresentam maior número de casos de câncer de pênis e qual é a posição do Brasil neste ranking?
Algumas regiões da África, Egito e Índia, além do Brasil. O Nordeste brasileiro tem a mesma incidência que esses países que citei. A doença atinge todas as classes sociais, mas em maior quantidade as pessoas carentes de informação.
8 – Quais são as doenças masculinas de maior incidência no País?
O cálculo urinário, as doenças sexualmente transmissíveis, infecções urinárias, incontinência urinária, câncer de próstata – este sendo uma das mais graves –, além do câncer de pênis.
9 – Qual costuma ser o principal motivo que leva os homens a procurar um urologista?
Ainda é a próstata. Mas a procura é muito maior quando eles apresentam algum sintoma e não como forma preventiva. De maneira geral, os homens ainda não têm essa mentalidade de consultar o médico preventivamente. Todas as doenças, quando descobertas inicialmente, têm grandes probabilidades de cura.
10 – Que precauções o homem deve tomar para ter um envelhecimento saudável e a partir de que idade ele deve começar a se cuidar?
O homem tem que abolir o cigarro e a vida sedentária, fazer uma alimentação saudável, com pouca ingestão de álcool, e procurar um urologista após os 45 anos de idade para avaliar tanto a parte hormonal quanto a próstata.
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