07 setembro 2009

Você é mesmo feliz?


O que faz alguém feliz?
Ter muito dinheiro no bolso, servir a Jesus, passar no vestibular, se casar ou simplesmente ver um pôr do sol?
Pode até parecer simples tentar definir felicidade, mas não é.

“Felicidade pode se referir a uma aspiração, uma esperança ou ideal, em que não haja sofrimento, privações e frustrações. O nosso desafio é o desenvolvimento, a autonomia, descobrirmos ‘qual é a nossa’, o que temos de essencial e original. Isso irá nos dar autonomia e liberdade para nos realizar, nos satisfazer e nos deixar mais em harmonia com o que somos de fato”, reflete Oswaldo Ferreira Leite Netto, médico psiquiatra, diretor técnico do Serviço de Saúde e Psicoterapia do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A felicidade se constrói a partir da capacidade que cada pessoa tem de interagir com os aspectos positivos e negativos da sua própria história de vida e realidade.

“A pessoa feliz é aquela que aprendeu a lidar com seus problemas, limitações, mas sobretudo acredita nas suas potencialidades. Deus nos dá a cada manhã a possibilidade de novas realizações. Por isso, precisamos ter coragem de reescrever nossa história de vida com capítulos de felicidade, apesar de possíveis dissabores”, exemplifica Sérgio Fonseca, psicólogo clínico e pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana do Fonseca, em Niterói, Rio de Janeiro.


No dicionário de Língua Portuguesa, a palavra felicidade possui várias definições: qualidade ou estado de feliz, ventura, contentamento, bem-estar e bom êxito.

O nome felicidade, curiosamente, foi dado pela primeira vez pelos antigos gregos por volta do século 7 antes de Cristo.
Naquela época, a palavra já carregava sua complexidade e ganhou vários sentidos dentro das linhas filosóficas.
Para Tales de Mileto, não era possível distingui-la do prazer sensual e da saúde física.
Já para Platão, ser feliz é ser virtuoso, e esse sentimento só seria alcançado se moral e deveres fossem cumpridos.
Para Aristóteles, ela era o objetivo último da humanidade e só viria através de uma vida virtuosa.
Mais tarde, São Tomás de Aquino, filósofo cristão da Idade Média, definiu a felicidade possível apenas quando em comunhão total com Deus.

Já no século 19, John Stuart Mill proclama felicidade como sendo possível através de circunstâncias objetivas.
Enquanto o alemão Immanuel Kant a vê como inatingível, já que depende da realização de todas as necessidades e inclinações dos seres humanos.

No século 20, os filósofos passam a dar pouca importância ao tema e a felicidade só é retomada com mais afinco a partir de Sigmund Freud, austríaco e criador da psicanálise.
Para ele, o conjunto das atividades psíquicas tem o propósito de proporcionar prazer e evitar o desprazer.

Anne Caroline Silva considera como felicidade a satisfação de seus desejos e vontades, mas acrescenta que mesmo a adversidade traz algo que pode ensinar a se tornar melhor e mais forte
Atualmente, o médico e psiquiatra Flávio Gikovate tem se dedicado ao tema e o trata em seu novo livro Dá pra Ser Feliz... Apesar do Medo, da MG editores.
Na obra, Gikovate define a felicidade como dependente da capacidade de viver em paz pelo maior tempo possível.
O autor vai mais longe e considera a questão complexa, pois está ligada a uma disposição inata, ao contexto socioeconômico, cultural, e a quanto alguém é capaz de evoluir emocionalmente.

“Aceitar a incerteza que nos cerca, compreender como pode nos favorecer ou prejudicar, absorver o mais rapidamente possível os acontecimentos adversos e manter uma disposição positiva em relação ao futuro, já que ele também pode nos reservar acontecimentos ótimos, é um indicador de maturidade emocional, porque cria condições para sermos mais felizes”, explica Gikovate.

Revista Enfoque

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