A psicóloga Margarete Volpi explica que é comum que a chegada de filhos, o estresse do dia a dia, a rotina e fatores externos prejudiquem a vida sexual do casal, que é tão importante para manter a saúde do casamento:
“A chegada dos filhos é uma transformação.
A mulher e o marido assumem mais um papel, que é o de pai e mãe.
E a transformação que ocorre na mulher é muito intensa.
Em geral, ocorre um distanciamento dos cuidados com o parceiro, que dá uma leitura de falta de desejo e afeto.”
Para Margarete, a situação pode ser diferente se o marido se fizer presente nesse processo, compartilhando tarefas e ganhando a admiração da mulher.
“Os casais tendem a jogar tudo no mesmo cesto: as mágoas, a irritação com o dia a dia, as dívidas e a própria relação.
Aí a sexualidade, que deveria ser considerada pelo casal como uma área à parte, onde se pode brincar e fugir do resto, acaba virando obrigação.
E sexo é espontaneidade, não dá para marcar hora.”
Marina*, de 32 anos, viveu esta história.
O cansaço e a falta de motivação do marido quase acabaram com um casamento de 11 anos.
“Ele trabalhava dia e noite e, quando estávamos juntos, não queria namorar.
Dizia que estava com a cabeça cheia de problemas.
Se tínhamos uma relação sexual por mês, era muito”, lembra.
A situação se prolongou por mais de 2 anos. “Eu perguntava se ele tinha outra mulher, se ele não me desejava mais.
Passava tudo na minha cabeça: que eu estava feia, gorda, que ele tinha amantes.
Mas ele negava.”
Confusa, se sentindo sozinha e achando que o casamento não tinha mais solução, Marina se envolveu em um relacionamento extraconjugal.
“Minha vida virou um pesadelo. Tinha a consciência muito pesada, porque amava meu marido. Até que resolvi contar tudo.
Ele me perdoou e hoje estamos bem.
Mas não queria que nada disso tivesse acontecido”, conta.
Para o sexólogo João Luís Borzino, os desencontros do casamento começam antes mesmo dele se consumar. “O homem acha que terá a mulher à disposição, que não precisa conquistar a esposa.
A mulher, ao contrário, casa sem pensar na sexualidade, apenas com a visão romântica de um marido que a apoia e escuta, e que sempre haverá um clima para o namoro”, diz.
Ele explica que as principais queixas são ligadas especificamente à falta de desejo.
Mas qual é a solução para que marido e mulher voltem a ser felizes no sexo?
Borzino responde: “Para o homem, é ouvir sua esposa, deixá-la falar sobre seus problemas, sem querer dar soluções a tudo.
Isso resultará em cumplicidade e na admiração da parceira.
Quando o homem conquista a admiração da mulher, conquista também seu desejo. Para elas, a dica é tentar falar sobre o que gostam e o que não gostam, sem que isso pareça cobrança.
E parar de tentar prender o companheiro, achando que ele quer fugir dos compromissos o tempo todo.”
A psicóloga Margarete completa: “Quanto mais divertido e prazeroso for o sexo entre o casal, maior será o desejo.
Quanto mais desejo, maior a frequência e quanto maior a frequência, mais prazeroso e divertido.
Se há sexo por obrigação, sem apetite, nada disso acontecerá.
A sedução, a cumplicidade e as brincadeiras entre o casal devem acontecer o dia todo, com palavras, carinho, um toque, um beijo.
Agindo dessa forma, o casamento só tem a ganhar.”
Por Andrea Dip
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