22 janeiro 2010

"O casamento santifica a intimidade"





Em entrevista exclusiva ao Guia-me, o escritor e teólogo Hernandes Dias Lopes,falou sobre sexualidade saudável, superficialidade relacional, entre outros fatores existentes no casamento.

''A família e o casamento são projetos de Deus, apesar das dificuldades que enfrenta''.
Esta foi a ideia que o Rev. Hernandes Dias Lopes busca propor a todos que têm visto e ouvido suas palestras sobre relacionamento.

Autor do livro ''Casados e Felizes'', o pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória tem orientado pessoas de todo o Brasil, com seminários e encontros.

Em entrevista exclusiva ao Guia-me, o teólogo e escritor compartilhou um pouco de sua experiência como conselheiro matrimonial, falou sobre superficialidade no casamento, sexualidade saudável, o poder da pornografia dentro dos lares e a dificuldade de se falar sobre sexo dentro das igrejas.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Guia-me: A família foi instituída por Deus ou é uma ideia humana?
Rev. Hernandes Dias Lopes: A Família foi criada por Deus. A família prexiste, - obviamente falando do casamento e desembocando em família - ela prexiste à igreja e ao estado.
É instituição divina, então o casamento e a família não são ideias do homem, são ideias de Deus.
Por isso a família é uma instituição indefectível, mesmo que ela enfrente turbulências e crises até o Senhor Jesus voltar, haverá família.

Guia-me: Existem limites para a intimidade sexual dentro do casamento?
Rev. Hernandes Dias Lopes: O casamento implica em intimidade.
Ele legitima e santifica a intimidade.
Do ponto de vista da sexualidade, eu entendo à luz da Bíblia que o corpo é santo.
Não existe uma parte do corpo mais santa ou menos santa. Todo o corpo é santo.
Então Deus santificou o nosso corpo e ele é habitação de Deus, foi comprado por Deus e deve glorificar a Deus.
Essa liberdade pode ir até o limite da legitimidade O que penso eu, ser ilegítimo e inconveniente é quando nós tentamos alterar o projeto da criação.
Por exemplo: Deus fez as nossas narinas para baixo. Se fossem feitas para cima, nós morreríamos afogados.
Então, por exemplo, a questão do sexo anal, que está se tornando comum dentro da propagação da pornografia é uma agressão à mulher, é um sexo que não é limpo - porque o ânus não foi feito para receber a penetração, é um órgão criado por Deus para a excreção - de tal forma que quando a pessoa entra por esse caminho está agredindo o cônjuge ele está promovendo um sexo que não tem a característica da pureza e ele se torna viciante e degradante.
E mais: a pessoa tem a tendência de não se satisfazer mais com aquilo que é natural.
Então é uma degradação e tudo aquilo que degrada o ser humano, ofende ao criador, se choca contra o projeto de Deus e é nocivo.

Guia-me: A pornografia tem demonstrado um poder devastador nos lares de todo o mundo. Por que uma pessoa casada busca ter contato com esses materiais?
Rev. Hernandes Dias Lopes: Isso acontece da mesma maneira que uma pessoa saudável procura drogas. Por que um jovem que tem um corpo saudável vai se destruir, se arruinar.
A pornografia gera dependência.
Há muitas pessoas, por exemplo, que, sendo dependentes de masturbação se casam e, mesmo tendo o privilégio do relacionamento sexual de forma legítima, mantém o vício da masturbação.
Uma pessoa que é viciada em ver cenas de nudismo ou relação sexual se torna viciada naquilo.
Só ter a relação sexual já não a satisfaz, então ela precisa ver e o pior: daqui a pouco ela quer importar para a relação sexual, para o seu leito conjugal, toda aquela situação que viu no vídeo, na internet.

Então ela vai importar toda aquela sujeira e vai querer repetir na relação sexual de seu casamento todas aquelas práticas - sejam sodomitas, sejam de prostituição, sejam de múltiplos parceiros.
Vai quebrando o preceito dos absolutos, da ética da moralidade, da santidade, vai derrubando, destruindo os fundamentos da ética e da moralidade.
Como o homem é atraído pelo olhar, ele viu e quer ver de novo, mas amanhã o ver já não o satisfaz, ele também quer fazer e, quando ele faz, aquela ação também já não satisfaz, ele tem que crescer e vai gerando um processo de degradação. Aí vai para o fundo do poço.
Eu conheço casos de pessoas que se degradaram a tal ponto de se suicidarem, da vida não fazer sentido e ele se vê em um atoleiro, uma prisão da qual não consegue sair. Essa pessoa entra em colapso nesse mar.

Guia-me: Em suas palestras sobre relacionamento, você fala que o casamento não é uma ''varinha de condão'' que muda tudo. Por que as pessoas acham no casamento tudo vai ser melhor, vai ser diferente?
Rev. Hernandes Dias Lopes: Porque as pessoas não querem refletir.
Nós estamos vivendo em uma geração - fruto da pós-modernidade - na qual as pessoas querem sentir, não querem pensar.
Elas querem emoções, não querem reflexão.
E às vezes elas mantém relacionamentos superficiais e pensam, jogando sempre para o amanhã, que ''amanhã tudo vai se resolver'', ''amanhã vai ser melhor'', ''amanhã a solução vai chegar''.
Em vez delas resolverem a relação no namoro, no ''pré-casamento'', elas não querem pensar , conversar, refletir.
Aí o namoro está ruim, o noivado está péssimo e pensam que a solução vai vir no casamento.
Então nós não temos que adiar para o futuro, a solução do hoje.
Nós temos que resolver o problema hoje.
Se o namoro não for estruturado, se o noivado não for consciente, o casamento vai ser um colapso.

Eu diria para você que falta berço, falta base, a juventude de hoje está invertendo os papeis.
Olha em Gênesis 2:24: ''Deixará o homem, o seu pai e sua mãe, se unirá a sua mulher, se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne''.

O que está acontecendo hoje, é que começam tornando-se uma só carne, para depois se unir, para depois deixar pai e mãe - e às vezes nem deixa pai e mãe.
Então eles estão querendo ''construir a casa começando pelo telhado'', sem lançar os fundamentos.
Aí é tragédia na certa.

Guia-me: Apesar dos cristãos terem o melhor manual para alcançar o relacionamento sexual santo, da melhor forma possível, falar sobre sexualidade dentro das igrejas ainda é tabu. Por quê?
Rev. Hernandes Dias Lopes: É tabu porque nós herdamos uma cultura católico-romana muito forte, que traz a ideia de que o sexo é uma coisa que não é santa.
Talvez a maior dificuldade de que eles tenham de aceitar o fato de Maria ter dado à luz outros filhos, se dê pelo fato deles acharem que Maria não poderia ser uma mulher santa se teve relacionamento sexual - ainda que com o marido dela.
Passou-se a ideia de que o sexo não é santo, não é puro.
Então muitas pessoas tiveram o sentimento de culpa pelo relacionamento sexual entre marido e mulher. E essa ideia foi passada aos filhos.
Aí passa-se a ideia de que o sexo é proibido, é sujo, que não agrada a Deus e não tratam o assunto com naturalidade. Vira tabu.
Aí é proibido falar na igreja, dentro de casa e as pessoas tendo uma ideia equivocada de sexo e vão cometer os desvios, porque não trataram do assunto com a legitimidade necessária, com a clareza necessária, com a abordagem direta, sensata e adequada à luz da Palavra de Deus.

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