Caso você não tenha assistido as Crônicas de Nárnia – O Leão, a feiticeira e o guarda-roupa e o Principe Caspian, saiba que seu autor, C.S.Lewis, escreveu-as por volta dos anos 50 do século passsado, e inclui nelas vários insights cristãos(contarei aqui trecho dos dois filmes).
Segundo a sequência dos 7 livros, o primeiro filme é, na verdade, o segundo livro, assim como Príncipe Caspian é o quarto, onde toda a trama que acontece entre mundos e dimensões tem um misterioso personagem central, um leão poderoso que surge em determinados pontos da história.
A história não parece ter sentido em diversos trechos até ser comparada a situações e vivências contidas na bíblia: o sacrifício do Leão, que aceita ser morto no lugar de uma insignificante e arrogante criança desobediente.
A ressurreição do leão, após seu calvário humilhante diante de uma feiticeira, símbolizando o mal,que insiste em ser chamada de rainha e onde toca, a ausência de calor congela e petrifica a todos que quer destruir.
O hálito do leão como sopro de vida sobre as criaturas trazendo-as de volta a vida para batalhar pelo reino que foi feito para o homem governar.
Tudo isso descrito como profecia, num mundo que enfrenta ciclicamente a desconfiança sobre a existência de Aslan, o grande leão criador de Nárnia (mais tarde se revelará que ele não fez apenas aquele mundo).
Quando o primeiro filme saiu, eu que já tinha lido os sete livros, fiz questão de levar minha família ao cinema. Na saída, ouvia-se a revolta das pessoas contra Edmundo, o arrogante garoto que, por seus pequenos motivos pessoais e mesquinhos, traiu a todos para seguir a feiticeira branca e ganhar seus manjares feitos de ilusão. Como xingavam o rapaz: “Se não fosse por ele, Aslan não teria morrido, não teria que ter passado por tamanha humilhação...”
Gostaria de ver a cara destas pessoas ao assistirem a sequência e constatarem que o mesmo vilão era agora o ponto de equilíbrio da história, que Pedro, o irmão mais velho e obediente, sentia em seu ser a obrigação orgulhosa de que o mundo tinha de tratá-lo como imperador, e de como suas ações e decisões eram inquestionáveis, já que se tornara uma alma prepotente.
Uma das cenas mais profundas é quando Pedro, após a derrota em uma das batalhas, sente-se tentado a ajudar a sedutora feiticeira branca a retornar da morte, afim de que o auxilie a vencer a guerra, mesmo sabendo quem era ela e de que era capaz. É quando Edmundo surge, o irmão vilão, e faz o que Pedro deveria ter feito e não fez: Destrói a imagem que luta por ressurgir, o que expõe a demência do primogênito, que até então, se achava sempre o certo.
Edmundo, transformado pelo perdão, liberto da pena de morrer pelo seu erro, é o único maduro o suficiente para entender o fraquejar alheio, e por isso entende tanto o que está acontecendo a sua volta, assim como sabe que falar não adiantaria: ele mesmo, quando naquela posição, não ouviu. Ele observa, se cala e só tenta proteger o irmão.
Por isso Deus usa aquele errado, aquele que você xinga e não aceita que seja perdoado. Nem imagina que será um destes que possivelmente saberá como te auxiliar quando for tão indigno de perdão quanto ele foi.
Postado por Zé Luís/cristaoconfuso.blogspot.com
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