17 agosto 2010

Bullying: e quando seu filho é o agressor?


Crianças e jovens que agridem podem ter conceitos errados quanto às outras pessoas e ao mundo, adverte especialista em adolescentes
Muito se fala de bullying pensando nas consequências para a vítima, bem como da preocupação dos pais dela.

Mas como é para eles quando o filho é o agente da agressão? Surgem então os autoquestionamentos. Em que ponto erraram na educação? Como reverter a situação?

Numa época em que, além do bullying tradicional, temos o cyberbullying (feito pela internet, sobretudo nas redes sociais), como orientar pais e filhos sobre os efeitos prejudiciais da falta de respeito é uma preocupação de psicólogos e educadores.
Como pesquisas internacionais divulgam a todo momento, 95% das crianças correm riscos de agressão. E o meio virtual piora tudo, pois a distância entre o agressor e a vítima torna os atos de desrespeito ainda mais fortes pela certeza de os primeiros permanecerem incógnitos.

“O jovem extravasa maldade. Acha que pode tudo, pois não será pego. É como se, on-line, a violência fosse permissiva”, alerta a médica hebiatra (que cuida de adolescentes) Maria Dulcinea Oliveira, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.

Reconhecer a vítima é relativamente fácil para a maioria dos pais: a criança fica deprimida, ansiosa, tem distúrbios alimentares, evita contato social até mesmo pela internet e não quer ir à escola. Porém, identificar que seu filho é um agressor é mais difícil.

Maria Dulcinea conta que já conversou com pais arrasados ao descobrirem que o filho praticava agressões pessoal ou virtualmente.
“Muitos têm problemas para lidar com a situação. Sentem-se culpados e não sabem o que fazer com os filhos”.
Para ela, é necessário manter aberto o canal de diálogo, o interesse pela vida na escola e a parte afetiva – além de um acompanhamento da vida virtual deles.
“Além de aproximar gerações, é uma atitude que ajuda a descobrir o que estão fazendo e como se apresentam nas redes sociais. É uma maneira de conhecer melhor a ‘prole’, pensar nos conceitos que foram transmitidos na hora da educação e controlar todos os tipos de assédio”, orienta.

Para a hebiatra, descoberto o bullying ou o cyberbullying, tanto os pais da vítima quanto do agressor devem procurar a escola (se o ambiente escolar tiver algo com o acontecido), os amigos dos jovens (já que os próprios não contam a história com os devidos detalhes) e até mesmo o auxílio de um profissional (médico ou psicólogo).
“Em ambas as situações, é preciso mostrar como a situação é absurda e equivocada. Ninguém tem o direito de agredir o outro. Sem contar que o ato pode ser considerado um crime”, adverte a médica.

Outra dica de Maria Dulcinea é que os pais mostrem aos filhos reportagens sobre o assunto que tenham finais trágicos, tanto para vítimas quanto para os agressores. Além disso, alerta que simplesmente proibir o uso da internet não resolve, mas sim controlar, restringindo o tempo à frente do computador e acompanhando o que acontece nos relacionamentos virtuais.

“O comportamento agressivo envolve motivações de insegurança e medo. O ‘vilão’ ataca para ganhar status, moral perante os colegas”, afirma a especialista.

Algumas dicas para os pais dos agressores:

- Mostrar ao autor do assédio a responsabilidade dele pelas consequências do ato na vida da vítima;

- Conseguir informações sobre a vítima e seus pais para que possam pedir desculpas juntos;

- Descobrir o motivo do ataque e rever os conceitos que o filho tem das pessoas e do mundo;

- Entender qual é o comportamento do filho no ambiente virtual, que pode ser bem diferente do apresentado no real;

- Interagir com a escola e saber que providências foram tomadas pelos educadores;

- Procurar, se achar necessário, a ajuda de um profissional, pois o fato pode gerar percepções equivocadas de personalidade.

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