19 setembro 2010

Jogo sujo O que leva jogadores de futebol bem-sucedidos e casados a se deixarem levar pela diversão a qualquer preço?

Jogo sujo

O atacante Wayne Rooney, de 24 anos, do clube inglês Manchester United e da seleção da Inglaterra, ficou de março a agosto deste ano sem marcar um único gol. Ele também recebeu críticas por passar despercebido pela Copa do Mundo. Mesmo assim estampou a capa dos principais jornais da Inglaterra no começo do mês. O assunto foi um gol contra a sua imagem.
No último dia 5, o jornal inglês “Sunday Mirror” denunciou que ele havia se encontrado pelo menos sete vezes, entre junho e setembro do ano passado, com a prostituta Jennifer Thompson, de 21 anos. Os encontros extraconjugais, que teriam custado mais de 1 mil euros (R$ 2.200) cada um, ocorreram 5 meses antes da mulher do jogador, Coleen Rooney, de 24 anos, dar à luz o primeiro filho do casal, Kai Wayne Rooney.
Ela soube do caso pouco antes de o escândalo chegar aos jornais e declarou que não pretende mais ter filhos com o craque. “Wayne não parecia dar a mínima por estar traindo a mulher. Acho que ele se imagina invencível e intocável. Como mulher, se eu estivesse casada, não gostaria que um homem fizesse comigo o que ele fez com Coleen. Especialmente se eu estivesse grávida”, declarou Jennifer ao jornal “The First Post”.

Os detalhes não pararam por aí. O jornal “The Sun” revelou que outras duas garotas de programa, Samii Darnley, de aproximadamente 20 anos, e Helen Wood, de 23 anos, haviam se juntado a Jennifer em orgias com Rooney. O envolvimento com prostitutas não é novidade na vida do jogador, de origem humilde. Em 2004, um caso com uma prostituta de 48 anos e suas visitas frequentes a bordéis em Liverpool, sua cidade-natal, foram expostas pela mídia inglesa.

Assim como no caso de Rooney, nomes de grandes craques do futebol estão associados a aventuras fora de campo.
Salários milionários, vitórias e sucesso parecem não ser suficientes. Atraídos pela sensação de que podem tudo e à procura de diversão imediata e a qualquer preço, eles entram em um jogo perigoso: são cada vez mais comuns histórias de atletas que se envolvem em casos extraconjugais com garotas de programa ou orgias.
Muitos vão além do sexo, quase sempre sem proteção, e se envolvem com bebidas, drogas e em episódios de violência.

Mas o que leva esses jogadores a arriscar o casamento, a saúde e até a carreira, no caso da história vir à tona, por uma noite com uma garota de programa?
“Na maioria das vezes os jogadores foram crianças abandonadas. Muitos não conheceram os pais ou foram abusados por eles e não são fruto do primeiro casamento. Eles não têm bons exemplos na infância e, ao se tornarem adultos, reproduzem o que viveram, só que com as facilidades de ter muito dinheiro.
Além disso, o futebol é a cultura da testosterona e da virilidade instintiva, a qual é levada para as comemorações e para amenizar as derrotas em campo”, afirma a psicóloga Andrea Sebben. “Além disso, há toda uma mística em torno da prostituição e talvez os jogadores sejam mais atraentes para as prostitutas. Há também a ideia de que o que é proibido é mais legal e de que nesse tipo de relação há ausência de compromisso afetivo”, completa.

“Na fachada parece uma festa normal, mas lá dentro a gente sabe que vão rolar outras coisas também (...) Cocaína, ecstasy, doce (LSD), maconha, só não vi crack nem heroína (...)
Na televisão eles aparentam ser pessoas calmas. Depois que bebem e usam drogas, ficam se achando, dizendo que são jogadores muito ricos.
Eles querem fazer sem proteção e oferecem até o dobro do cachê. Eu não faço e eles não gostam. Acho que na hora eles querem emoções fortes, mas acabam não pensando no futuro”, relatou ao “Jornal da Record” uma garota de programa contratada para festas com jogadores famosos.

Rooney é o terceiro craque da Inglaterra a se envolver em escândalos com prostitutas nos últimos meses.
O também atacante Peter Crouch, de 29 anos, da seleção inglesa e do clube londrino Tottenham, também teve problemas com a noiva, a modelo Abbey Clancy, de 24 anos, que foi flagrada sem o anel de compromisso depois que foram revelados detalhes da noite que ele passou com a garota de programa argelina Monica Mint, de 19 anos, em Madri, na Espanha.
“Peter não hesitou em pagar pelo sexo. Eu não sabia que ele era noivo de Abbey. Não acredito que pagou para mim tendo uma mulher tão linda como aquela em casa”, disse Monica ao jornal “Daily Mail”.

Muitos jogadores nem perguntam se as garotas de programa são menores de idade e muitas vezes eles preferem não utilizar preservativos, sem se preocupar com o risco de engravidar essas mulheres ou de contrair doenças como aids, que também poderão contaminar as esposas. Segundo o jornal francês “Le Parisien”, o jogador Franck Ribéry, de 27 anos, do Bayern de Munique, reconheceu que em 2008 chegou a participar de orgias com a prostituta Zahia Dehar, que na época tinha só 16 anos, e com mais uma menina não identificada. Ribéry garantiu não saber que elas eram menores de idade e nem que trabalhavam como garotas de programa.

Para a psicóloga Andrea, “a principal saída e a sorte grande que os jogadores famosos podem ter é se casar com mulheres mais estruturadas e que sejam dignas e respeitosas. Muitos, porém, se casam cedo por terem engravidado a namorada”, avalia.RONALDO:

Violência
Preso atualmente, acusado de ser o principal suspeito pelo sumiço e assassinato de Elisa Samudio, de quem foi amante, o ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, de 25 anos, se envolveu em 2008 numa confusão com outros jogadores do time numa festa com várias garotas de programas em seu sítio em Esmeraldas (MG). Bruno e os outros jogadores foram acusados de agredir as mulheres na ocasião.

“Exagero de exposição pública, passagem direta da pobreza para a riqueza e do anonimato para a idolatria sem nenhuma preparação dá nisso: sensação de impunidade, de poder absoluto sobre tudo e sobre todos, falta de limites sociais e éticos e sensação de onipotência.
Para os jogadores de futebol parece que o mundo vai acabar e eles têm que aproveitar a onda de sucesso e reconhecimento.
Mas esses ídolos são referências coletivas e ‘heróis’ públicos, para o bem e para o mal. Por isso é preciso mostrar para esses jovens que o futebol é um dos mais importantes patrimônios culturais da população brasileira e que, por isso, tem que ser respeitado”, avalia Mauricio Murad, professor de Sociologia do Futebol da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e da Universidade Salgado de Oliveira.

Segundo o jornal inglês “The Sun”, o ídolo do futebol português Cristiano Ronaldo, de 25 anos, hoje no Real Madrid, participou em setembro de 2007 de uma orgia de cerca de 6 horas, regada a muita bebida alcoólica, envolvendo cinco prostitutas que viajaram 95 quilômetros para chegar aos arredores de Manchester, na Inglaterra, onde ficava a casa do jogador.

Já Ronaldo, de 33 anos, duas vezes campeão mundial com a seleção brasileira, maior artilheiro da história das copas do Mundo e atualmente no Corinthians, viu em abril de 2008 seu nome envolvido num escandâlo sexual com três travestis.
Ele pediu desculpas públicas por procurar prostitutas, mas negou que tenha tido relações sexuais com os travestis. Para o capitão do tricampeonato mundial, Carlos Alberto Torres, os clubes também são culpados.

“Não podemos aprovar essas condutas. Os dirigentes de clubes deveriam parar de passar a mão na cabeça dos jogadores quando eles fazem coisas erradas.
O futebol é uma profissão como outra qualquer e duvido que qualquer empresa permita, quem dirá dê privilégios ao funcionário que faz coisas erradas. Quando os clubes forem profissionais e as regras deles forem seguidas à risca, isso
acabará”, aposta.

Por Guilherme Bryan
guilherme.bryan@folhauniversal.com.br

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