26 outubro 2010
Entrevista Com Sammis Reachers: "Fui Resgatado do Ateísmo"
Sammis Reachers mora em São Gonçalo-RJ. É blogueiro, poeta, pesquisador, autor de Uma Abertura na Noite e Blindagem Azul, com participação na organização de algumas publicações cristãs.
Uma entrevista imperdível. Invista alguns minutos na leitura Deus vai falar ao seu coração.
- Que tipo de experiência te fez mudar do ateísmo para o cristianismo?
Para explicar isso preciso contar meu testemunho, e pode até escandalizar alguns, mas é a verdade, é sobre como fui resgatado. Quando criança eu tinha minha pequena fé.
Meu pai, católico praticante, estava então se libertando do alcoolismo – e do catolicismo também -, freqüentando uma igreja evangélica.
Ele sempre assistia aos tele-evangelistas (que muitos crêem que não deveriam existir), no que eu o acompanhava.
Tinha uns sete anos e lembro que lia e relia um exemplar do Novo Testamento (O Mais Importante é o Amor).
Praticamente aprendi a ler ali. Só lia até Atos, pois de Romanos para lá (a parte mais ‘teológica’) eu não entendia mais nada, e então voltava a Mateus... Depois passei a devorar enciclopédias e, enquanto ia crescendo, sempre ávido por conhecimento e mergulhando cada vez mais nas leituras, fui perdendo minha fé, me tornando um jovem amargurado e desiludido.
Cortesia de defuntos como Nietzsche, Schopenhauer, Sartre e ampla companhia.
Revolta, depressão e literatura: a trinca infernal que me guiava.
Minha maior angústia, que eu relutava em admitir para mim mesmo, era perceber que filósofo algum, poeta, pensador, e mesmo texto sagrado de qualquer religião/cultura me oferecia a resposta que eu buscava.
Era duro perceber, era desolador: estávamos todos presos num labirinto, e NINGUÉM CONHECIA A SAÍDA.
Então me aferrava ao existencialismo de Sartre e a concepções sócio-políticas anarquistas, ao ‘não há sentido’, ao ‘construa seu sentido’, mas isso era só mais uma faceta, uma máscara do Vazio que me parecia preencher tudo o que era humano.
Depois que comecei a escrever poesia e a ser publicado em alguns lugares, tudo piorou.
Com 24 anos comecei a namorar uma menina, que após um mês de namoro se converteu ao Evangelho. Continuamos com o relacionamento, nos casamos.
Um perfeito jugo desigual.
Para mim, parecia muito bom, pois ela, por ser crente, se mantinha ‘comportada’, e não questionava minha forma de pensar; nem se punha a pregar para mim.
Aqui abro um parêntese: meu melhor amigo se converteu também. Amigo até os ossos, desde a infância, à maneira clássica de Davi e Jonas, e que eu sabia que jamais mentiria para mim.
Pois bem, ele começou a chegar a minha casa e contar as maravilhas que Deus estava fazendo em e através de sua vida, maravilhas sobrenaturais até, como visões, arrebatamentos, orações de cura e muito mais. Aquilo me incomodava, incomodava profundamente: qualquer um me contando aquilo, eu taxaria de simples louco e fabulador. QUALQUER UM.
Mas Deus escolheu aquele homem em quem eu mais confiava, mais até que em meu próprio pai... aquilo foi se prolongando, e eu contemplando a mudança radical naquela vida.
Cheguei a pedir para ele que, se fosse para vir a minha casa falar de Deus, que não voltasse!
Pois minhas duras ‘certezas’ já se iam abalando. Eu não estava conseguindo assimilar tudo aquilo.
Muitos não crêem na contemporaneidade dos dons do Espírito, mas nós assembleianos cremos que eles são reais. Pois bem, eu levava uma vida de dissolução, entregue a muitos adultérios... minha esposa nada sabia, e perseverava em sua caminhada.
Até que um dia o Senhor revelou o que eu fazia, e com detalhes que só eu conhecia.
Ela me confrontou, eu fiquei desnorteado (aquela história de só dar valor a algo quando se perde).
Eu já me debatia entre crer e não crer na existência de Deus (que se me manifestava através dos testemunhos de vida dela e de meu amigo).
Contei a ela então a exata metade do que eu havia feito. Pois ela foi para a igreja no mesmo dia e lá o Senhor revelou claramente que eu só havia contado a metade, e ainda detalhes sobre o pior dos envolvimentos, que eu havia omitido.
Bem, o resto foram lágrimas, dor, quebrantamento, conversão. E perdão. Um processo longo e bem doloroso, cujos frutos amargos eu colhi e ainda colho, passados tantos anos.
Deus não se deixa escarnecer, o que o homem planta invariavelmente colhe.
Então as muitas escamas de repente caíram de meus olhos, e eu, desta vez com os olhos do Espírito, pude abrir as Escrituras e ENTENDER (antes eu procedia à maneira clássica dos ateus, lendo o Antigo Testamento em busca de contradições).
Um testemunho estranho, mas não tenho vergonha de contá-lo, pois pode ajudar a alguém. Pela misericórdia já usei meu testemunho para ajudar muitos homens entregues ao adultério, ou com casamentos já desfeitos. E ainda uso.
Mas que não sirva de exemplo para ninguém entrar num jugo desigual. Saia fora disso! Palavras bonitas não poderiam talvez me converter, eu que conhecia do Bhagavad Gita a Holderlïn,e, poeta, sabia o quanto as palavras podem facilmente se prostituir (mentir).
Fui convertido por sinais e pela dor. Felizes aqueles que se convertem por ouvir a Palavra e por amor, que não carecem de ‘ver para crer’!
O sentido para a Vida, o sentido de tudo o que existe, que eu buscava em centenas de livros, estava na minha cara, e se me manifestou. E estranhamente me aceitou, eu, um inimigo declarado e atuante, blasfemo até o limite do impublicável, que detestava os crentes e sonhava em demolir igrejas. Coisa de enlouquecer qualquer um!
- Família em sua vida.
A família é a base da sociedade, e isso já diz tudo, é uma verdade axiomática, inescapável. Andar sem ter base é bem difícil. É voar com uma asa só... Dou muito valor à minha família, e sei o quanto este é o alvo principal de Satanás para destruir ou frear nossa caminhada. Já passei por algumas ‘Stalingrados’, e muitas vezes operei no Piloto Automático (Espírito Santo puro), pois de mim já não tinha força alguma para suportar certas lutas. Mas a Rocha nunca me desamparou, e sempre me deu a vitória.
- Qual seu maior medo (se é que tem)
Não tenho muitos medos... um grande medo que tinha, já se realizou, e sobrevivi, logo não sobrou muito para temer. Glória a Deus por isso! As palavras medo e cristão não deveriam estar juntas numa mesma frase, embora sejamos pó.
- E maior alegria?
Ter conhecido Jesus foi minha maior alegria. Além da graça de obter a salvação e tudo o mais, antes eu não sabia o que era o Amor (Ágape), embora sempre possuísse clara percepção do Mal. E mesmo sem compreendê-lo, conhecer o Amor de Deus (o Bem Supremo) é maravilhoso, como que entorpecente... Daí o ‘embriagai-vos com o Espírito Santo’!
- Jesus.
Tudo, o Início e o Fim, o Caminho, a Ponte, a Porta, a única causa pela qual viver e morrer.
Por:Wilma Rejane./ atendanarocha.blogspot.com
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Olá Wânia!
ResponderExcluirSempre estou passando por aqui para conferir seus interessantes artigos e hoje para minha surpresa, vi a entrevista que fiz com o Sammis republicada por você. Obrigada, querida por propagar esse maravilhoso testemunho.
Ah! Quero te dizer que no antigo layout do Alma Marcada eu não conseguia comentar (acho que ninguém conseguia rsrsrs). Bem, agora posso, ficou bem melhor.
Deus a abençoe Wânia e as suas lindas filhas.
Beijos!