09 outubro 2010

ESPECIAL "CRIANÇAS" 1 - TESTEMUNHO

JOANA MARANHÃO
Como superar o trauma do abuso sexual

Joanna Maranhão foi vítima de abuso sexual pelo seu técnico aos nove anos de idade.
Hoje, faz graça, feliz pela vitória que a classificou para as Olimpíadas de Pequim.

O Observatório da Infância divulgou através de artigo, publicado em 20 de fevereiro de 2008, o drama vivido pela nadadora olímpica Joanna Maranhão, hoje com vinte anos de idade.

Após onze anos de sofrimento em silêncio, ela decidiu contar que havia sido abusada sexualmente pelo seu ex-técnico Eugênio Miranda, quando tinha nove anos e nadava em um clube, em Recife/PE.
Após suas denúncias, outras vítimas do mesmo treinador apareceram.
Joanna conseguiu quebrar o tradicional e bem conhecido muro do silêncio que cerca o abuso sexual de crianças.
Ultrapassou uma barreira e abriu as portas para que outras vítimas se encorajassem.

Joanna foi então, à época, acusada de intencionar com a sua denúncia, encobrir ou justificar a sua incapacidade de competir e obter a classificação para ir às Olimpíadas de Pequim, em agosto desde ano. Pois Joanna venceu mais um grande desafio.
No dia 07 de maio, no Rio, ela se classificou nas eliminatórias e garantiu a sua vaga nas Olimpíadas.
Foi, no dia, incentivada por um emocionante coro formado por todos os presentes.

Em sua entrevista, após a conquista, chorando, ela falou do drama pessoal que viveu quando decidiu relatar o que ocorrera, ao O Globo: “Se abri o jogo é porque estava preparada para toda a pressão que cairia sobre mim. Não quero mal a ninguém, mas quero ter certeza de que ele não fará mais aquilo com outras crianças – disse Joanna. – Quando aquilo vinha à minha memória, na adolescência, eu acreditava que era fruto da minha imaginação. A análise me ajudou a lembrar de tudo. Falei como se estivesse vomitando tudo. Depois, soube que outras crianças também haviam sofrido o mesmo abuso e dei graças a Deus por ter falado.”

Joanna é um exemplo de superação. Imaginemos quantas outras mulheres (e quantos homens) vivem hoje com as marcas do abuso sexual que sofreram na infância.
Quantas conseguiram falar sobre o que ocorreu (e falar é o primeiro passo para superar). Quantas teriam a coragem de enfrentar, cara-a-cara, seu abusador, após onze anos?
Quantas não tiveram nenhum apoio e seguem a vida, com seus pesadelos, seus injustos sentimentos de culpa e de vergonha, de se considerarem sujas e covardes, e convivendo com graves dificuldades na vida social, sexual e familiar?

Joanna é um símbolo, que representa a superação. Joanna perdeu, sofreu muito em silêncio e conseguiu fazer da sua perda uma vitória.

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