27 março 2011

Problemas familiares e vícios em drogas são as principais causas para que as crianças escolham as ruas para viver


23,9 mil jovens foram ouvidos pela Secretaria dos Direitos Humanos.

Os dados mostram que a grande maioria deles não tem garantidos nenhum de seus direitos fundamentais

A violência doméstica e o uso de drogas são os principais motivos que levam crianças e adolescentes às ruas.
De acordo com o censo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), cerca de 70% das crianças e adolescentes que dormem na rua foram violentados dentro de casa.
Além disso, 30,4% são usuários de drogas ou álcool. A pesquisa ouviu 23,9 mil crianças e adolescentes de 75 cidades do país com mais de 300 mil habitantes e que morassem nas ruas.

A maior parte (32,2%) dessas crianças e adolescentes tiveram brigas verbais com outros membros da família, e 30,6% delas foram vítimas de violência física.
Outros 8,8% sofreram algum tipo de abuso sexual.
Fugir de casa, para eles, é uma saída para tentar buscar a liberdade, mas que acaba os levando ao mundo das drogas ou os coloca em situações degradantes.

A pesquisa aponta que a maior parte dessas crianças não tem garantidos seus direitos fundamentais. 64,8% deles não possuem documento de identificação, e 76,7% não recebeu educação o suficiente para saber ler ou escrever.
O relatório aponta também a existência de discriminação contra esses jovens: 36,8% já foram proibidos de entrar em algum estabelecimento comercial, e 31,3% foram barrados ao tentar utilizar o serviço de transporte público.

A situação fica ainda mais grave porque pelo menos 6,5% dessas quase 24 mil crianças e adolescentes, que não possuem nenhum registro oficial, foram proibidas de emitir um documento, como a carteira de identidade.

A população de crianças e adolescentes em situação de rua é predominantemente do sexo masculino (71,8%), com idade entre 12 e 15 anos (45,13%). A maior parte deles (58,3%) só trabalha nas ruas, mas volta para casa à noite, mas 23,2% dormem nas próprias calçadas ou embaixo de pontes e apenas 2,9% apelam a instituições de acolhimento.

O fato curioso é que 60,5% dos que voltam para suas casas mantêm vínculos familiares, e 55,5% classificam sua relação com a família como boa ou muito boa. Por trabalharem nas ruas, porém, 79,1% desses jovens não concluíram o primeiro grau, e 8,8% nunca estudaram.

A renda que essas crianças e adolescentes conseguem com o trabalho nas ruas também é baixa: 40,3% vivem com menos de R$80,00 semanais. Quanto à raça declarada, 49,2% deles se dizem pardos ou morenos, enquanto 23,8% se consideram brancos e 23,6% negros.

As atividades mais comuns para gerar renda são a venda de produtos de pequeno valor, como balas e chocolates, o trabalho de “flanelinha”, a atividade de engraxate e a separação de material reciclável. 99,2% deles pede dinheiro ou alimentos aos passantes, e apenas 65,2% consegue algum dinheiro desenvolvendo uma dessas atividades.

7,3% dos entrevistados estavam nas ruas acompanhados dos pais e parentes ambulantes, ajudando-os a obter renda. A maioria desses jovens, porém, trabalha pelo próprio sustento (52,7%), enquanto que 43,9% trabalham para ajudar a família.De acordo com a pesquisa, 6,8% pedem esmola ou trabalham na rua porque “não têm o que fazer em casa” e 6,3% porque “é mais divertido ficar na rua”.

De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, o relatório completo deve ser divulgado na próxima semana. Além disso, a SDH e o Ministério do Desenvolvimento Social apresentarão ações e políticas públicas específicas para essa população.

Redação Época, com Agência Brasil

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