29 setembro 2009

DARLENE GLÓRIA - A diva renasce


Darlene Glória ou Helena Maria Glória Vianna, seu nome verdadeiro, foi uma das grandes divas do cinema nacional nos anos 70 e, entre tantos prêmios importantes, foi escolhida como a melhor atriz do Festival de Berlim, Alemanha, um dos mais influentes e respeitados do mundo, pela atuação no filme “Toda Nudez Será Castigada”.
De atriz badalada, a ex-cantora de rádio e ex-candidata a miss, conheceu a glória, mas sucumbiu às drogas e a problemas psiquiátricos. Viciada, chegou a ser internada no Hospital Psiquiátrico Pinel, no Rio de Janeiro.
Nesta entrevista, Darlene Glória conta como deu a volta por cima e do trabalho em “Promessas de Amor”, da “Rede Record”.

1 – No que o cinema brasileiro atual é diferente daquele da década de 70?
O cinema se desenvolveu muito com relação a técnica e está deixando o sexo e o palavrão para contar mais as nossas histórias. Foi muito importante ser convidada para fazer o filme “Feliz Natal” (2008), pois estive sob a direção do ator Selton Mello, que é, ao mesmo tempo, jovem e muito maduro, e ganhei muitos prêmios em festivais brasileiros. Agora estou aberta a propostas.

2 – Quais foram as dificuldades para se tornar atriz reconhecida?
Hoje, a pessoa aparece 1 dia na televisão e, no seguinte, já adquiriu uma notoriedade. Quando comecei, se não tivesse talento, não sobrevivia.
Tinha também que ter vontade e fé no dom de ser artista. Sempre acreditei nisso. Não foi fácil, mas glorioso. Em 1956, quando comecei na rádio “Cachoeiro de Itapemirim” (ES), eu era uma adolescente. Hoje, continuo trabalhando, com uma carreira consolidada.

3 – Você sofreu muito preconceito em função da beleza?
O que sofri é o que toda mulher bonita sofre: muito assédio. Só que hoje as mulheres são mais liberadas para se defender e têm a lei ao lado delas. É muito mais fácil para uma mulher bonita se impor. Já a nossa geração, como diz a atriz Helena Ignez, foi cobaia dos cirurgiões plásticos. Graças a Deus, hoje meu rosto está restaurado e estou feliz com a minha aparência, pois prezo o mais importante que é paz de espírito.

4 – Qual foi a importância de ganhar o Festival de Berlim, como atriz?
Foi a glória das glórias, mas, ao mesmo tempo, o auge do meu desvario e desespero. A glória trouxe reconhecimento, mas não a paz e o conhecimento espiritual que eu esperava.
Nos anos 70, eu estava no auge da minha juventude e da carreira artística, mas me sentia infeliz.
Hoje, trabalho e uso todo o meu talento para a minha manutenção e para a Glória de Deus. Não sofro mais com os altos e baixos da profissão.

5 – Você foi vítima de dois estupros praticados por um desconhecido. Como avalia a punição para esse tipo de crime no Brasil?
Esse foi um trauma que marcou e bagunçou toda a minha vida. Se não fosse o Senhor Jesus entrar nela, certamente, estaria morta.
Acredito na restauração do ser humano e sou uma prova disso. A lei precisa ser revista, pois é muito branda. Mesmo que fosse o melhor cidadão, ele não poderia responder em liberdade.

6 – Você se considera um exemplo de superação com relação às drogas?
O psicólogo pode ajudar com terapia, mas só Deus é capaz de libertar. Hoje, fico muito feliz de saber que um drogado pode ligar a televisão de madrugada, no programa “Fala Que Eu Te Escuto” (da “Record”) e falar com o pastor.
No meu tempo, não havia esse tipo de libertação e fui bater no Pinel.
Mas, quem me libertou foi o Senhor Jesus e ele está disponível a todos que estiverem com o espírito em trevas, clamando para sair daquele inferno. Se a libertação chegou para mim, pode chegar para quem a desejar.

7 – Em que momento você percebeu que havia chegado ao fundo do poço?
Meus pais me levaram num culto de libertação. Ali, não ouvi nada, pois meu ouvido estava tampado. Queria levantar para entregar minha vida a Jesus, mas não tinha forças.
Só que a presença de Deus era tão grande, que dei um salto da cadeira e pedi: “Deus, o Senhor existe, me ama e tem poder. Entre na minha vida, porque quero o senhor do meu lado.” Foi em 26 de agosto de 1974, às 20h30. Naquele tempo, para ser membro de uma igreja, não podia ser atriz.
As igrejas não nos abordavam. Só que eu queria Jesus acima de tudo e o deixei limpar minhas feridas e curar minha alma.

8 – Quando você percebeu que estava pronta para voltar a atuar?
Foi um erro ter deixado, por um tempo, de atuar. Afinal, eu tinha lutado muito para ser levada a sério como atriz. Mas não me arrependo, porque a Bíblia diz que todas as coisas são a glória dos que amam a Deus.

9 – Por que você resolveu relatar sua vida no livro “Uma Nova Glória”?
Minha experiência inspira a transformação de outras pessoas a terem a esperança que encontrei. A minha fé em Cristo é inabalável. Agora, quero falar de coisas lindas, como a minha pintura, a minha fé, os meus filhos, netos e bisnetos. Não quero mais viver no meio dos escombros.

10 – Como foi participar da novela “Promessas de Amor”, da “Rede Record”?
Eu me senti na minha própria casa e fiquei honrada em trabalhar num lugar tão maravilhoso, e emocionada de conhecer o Luciano Szafir (que era filho dela na novela). Foi um encontro muito legal. Outra emissora, que não vou dizer o nome (risos), me chamou para a próxima novela das oito, mas não aceitei. Meu coração está na “Record”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário